O carrinho de “rolimã” e a evolução…

Muitos de nós hoje na faixa dos  50, 60 ou mais tivemos a oportunidade de construir nossos próprios carrinhos de “rolimãs”. Era assim chamado aquele conjunto de uma tábua com dois pequenos caibros e em suas extremidades 3 ou quatro rolamentos de aço, popularmente conhecidos como “rolimãs”, talvez por influencia do termo em francês, “roulement”.

A geração da segunda metade do século passado tem em suas memórias uma brincadeira inesquecível.

A geração da segunda metade do século passado tem em suas memórias uma brincadeira inesquecível.

A história de surgimento deste brinquedo, embora sem uma precisão, remonta aos anos 60 e 70, onde nas ruas de cidades como São Paulo, Rio, Curitiba e BH, etc, provavelmente influenciados pelo que se via em filmes notadamente norte americanos, onde eram mostrados brinquedos semelhantes conhecidos como “soap box cart”, que consistia em armações de madeira com rodas (e não rolamentos).

A brincadeira numa ilustração de Emídio Batista Almeida Filho

A brincadeira numa ilustração de Emídio Batista Almeida Filho

No Brasil o carrinho de rolimã era considerado um briquedo barato e até de crianças pobres, status que foi mudando ao longo do tempo, mas nos primordios, literalmente “caçava-se” restos de madeira de construções, na feira, de serralherias e os rolamentos eram facilmente conseguidos nas oficinas mecânicas, que em processo de troca jogavam os velhos no lixo. Com o material farto e fácil, bastava além de um serrote e um martelo, pregos e pelo menos um parafuso com porcas e arruelas, também facilmente conseguido nos mesmos locais como refugo de material.

Acabava sendo um brinquedo para crianças, pré adolescentes e mesmo adolescentes, que com a criatividade sempre a mostra aperfeiçoavam as “máquinas”, colocando encostos, freios com borracha (conseguidos em borracharias da época). Alguns traziam volantes ou guidões de bicicleta, quase sempre material descartados na época.

Corridas eram organizadas nas ladeiras dos bairros, e os acidentes não deixavam de existir, pois na época não se tinha como ter os atuais equipamentos de segurança (capacete, cotoveleiras e luvas como as atuais), além da própria preocupação com segurança. Hoje olhando como fazíamos e brincávamos podemos considerar algo folclórico e romântico a causa única da diversão sem se preocupar com os riscos.

Os modelos básicos e personalizados, e a evolução do carrinho de rolimã e ainda algumas amostras de outros carrinhos internacionais como soapbox, luge, billy cart “irmãos” de nosso carrinho.

Aos olhos do brasileiro tudo é carrinho de rolimã, inclusive os que não usam rolamentos propriamente ditos, tanto no Brasil como fora dele. Fora do Brasil outros nomes existem para esta brincadeira ou corridas de carrinho de “rolimã”: soap box derby, billy cart, luge, street luge, soapbox, soapbox race, e muitas outras denominações, mas em quase todos o diferencial são as rodas. Estes modelos usavam rodas de borracha, ao passo que o modelo brasileiro, os “rolimãs”.

Mas aquele brinquedo rústico dos pobres, construídos com refugos agradava ricos de pobres, a ponto de com o tempo a criatividade se sobrepor aos modelos, sendo incorporado materiais como micro pneus, rodas de carrinho de feira, rodas de madeira bem elaboradas, rodízios dos mais variados, acessórios de bicicletas, como guidões e sistema de freios, volantes, cabos de aço, rodas e suspenção de skates e patins, a troca do chassis de madeira por metal e até a instalação de pequenos motores, enfim, o velho e tradicional carrinho sofreu ao longo do tempo vários retrofits e passou a ser utilizado e fabricado por adultos também, que por questões de segurança tiveram que aderir aos modernos equipamentos tanto para uso individual como para as corridas que acontecem Brasil afora e no resto do mundo também. A criatividade nos mostra os mais variados e belos modelos e alguns já são projetados por software CAD (Solidworks por ex.)..

Não há mais idade para a brincadeira e ainda hoje pode se construir um carrinho de rolimã artesanalmente com a mesma facilidade e disponibilidade de materiais que se fazia a décadas atrás. E claro com a evolução de materiais e sua disponibilidade pode-se construir belíssimas “máquinas” preservando a lado “cult” da diversão e emoção. Há farto material disponível na web sobre o assunto, pois como disse é uma diversão “cult” e de fácil acesso a todos. Alguns exemplos são mostrados neste post.

Como construir um carrinho de rolimã nos dias de hoje com a vasta disponibilidade ferramental, mas mantendo o conceitos de décadas atrás…
 

O Brasil tem um recorde de maior carrinho de rolimã do mundo, obtido em Itapecerica da Serra,SP


Bibliografia/Fontes:

  • Wiki – carrinho de rolimã
  • Imagens: internet e acervo pessoal
  • Videos ou p/o: © AP-globo.tv e © Red Bull Racing team

rolima

Updated: 17/10/2016 — 1:45 pm

8 Comments

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  1. Alexandre Queiroz

    não é brincadeira antiga não , na atualidade fazemos competições de rolima em varias cidades de São Paulo , ha até um campeonato paulista que por sinal nossa equipe já foi campeã, neste campeonato cada etapa participam em media 70 pilotos com seus respectivos carrinhos de rolimã , sim de rolimã mesmo em contato com o solo como diz o regulamento, nada de rodas de plástico ou borracha

    1. Alexandre Queiroz

      se alguem estiver com interesse , é so nos contatar , Face , real competições

    2. Se puder mande links, fotos, cartazes de campaonatos, etc, etc, que menciono no post.
      Obrigado pelo comentário..

  2. Obrigado Amaral.
    Fez me retornar a uns 50 anos atrás.
    Fantástico. Na minha época era os modelos bem simples e de vez em quando aparecia um mais incrementado mas não vivenciei toda estas evoluções.
    Esse último da Rexona com aerofólio foi muito bacana.
    Se meus netos curtissem, confesso que faria um pra eles.
    Mas eles preferem curtir o celular e o tablet pra ficar caçando Pokemon kkkkkk. Lamentável.
    Abraços,
    Lindolfo

  3. Amaral, muito legal este artigo!
    Confesso que eu sou um frustrado, por que meus pais nunca me deixaram andar de carrinho de rolimã, sob a alegação que eu podia me arrebentar todo sniff, sniff!
    Abs,
    Alan​

  4. Muito bom recordar, Amaral!
    Como menino pobre, eu me enquadrava perfeitamente nessa brincadeira. Brinquei muito com esses carrinos e claro, me machuquei muitas vezes. Um dia, eu e meu vizinho estavamos descendo a rua num carrinho e o tempo mudou para tempestade. Um clarão no céu nos assustou e saímos correndo, mas deixando o carrinho na rua. Nessa hora, ou alguns segundos depois, um raio caiu e estourou a rolemã do nosso carrinho.
    Hoje eu não sei ao certo se foi mesmo um raio ou se fantasiamos o episódio, mas a lembrança é bem forte.
    Um bom dia,

    Jose dos Santos

  5. Carlos T Furquim

    Amaral, o seresteiro já dizia “eu era feliz e não sabia”, alem do carrinho de rolimã o jogo de botões onde todos eram craques.
    Muito boa a matéria. Um abraço.

  6. Maravilha de reportagem. Lembro-me também de fazer trenzinho, onde ligávamos vários carrinhos e ladeira abaixo fazendo movimentos com uma minhoca…
    Era mais ou menso assim : https://youtu.be/Vp_VL2xhLTs

    Valeu cara mais uma vez pela recordação
    San

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