Os que não foram Beatles….

A história envolvendo os Beatles, é certamente uma coleção de curiosidades, que desde os anos 60 ilustram as mais diversas fontes de publicações.

Durante o início e de boa parte da trajetória da banda, muitos fatos ocorreram, que à luz de análises do tempo atual, mostram como a história pode não ter sido positiva para alguns. É o caso de pessoas que iniciaram com a banda, e que por uma variedade de situações não continuaram com ela.

Desde os Quarrymen que foi um grupo de Skiffle e Rock and Roll formado em Liverpool em 1956 por John Lennon com vários amigos da escola onde estudava e que foi o grupo que deu origem aos Beatles, se observou a entrada e saída de integrantes naquele grupo, cujo nome foi inspirado na escola Quarry Bank High School, onde John Lennon e a maioria dos integrantes estudavam. Portanto teve vários integrantes que eram agrupados conforme dava, a saber:

Pete Shotton(Washboard – tabua de lavar), Len Garry(tea-chest bass), Eric Griffiths(guitar), Colin Hanton(baterista), Nilgel Whalley(tea-chest bass), Rod Daves(Banjo) , John Duff Lowe(piano), junto com Lennon, viviam brincado de tocar Rock´n´Roll, além de skiffle, e de brigarem muito, mas a banda se consolidava.

Um outro amigo da gang de John, Ivan Vaughan(tea-chest bass) que embora não participasse frequentemente da Banda pois estudava em outra escola, já tinha trazido Len Garry para os Quarrymen, deu mais um ponta pé histórico para a banda, quando no dia 15 de junho de 1956 apresentou a John um novo colega, Paul McCartney. John Lennon recordando depois, pois apesar da idade estava de “pileque” no dia, afirmou: “Êsse foi o dia” “o dia em que eu encontrei Paul e as coisas começaram a mudar”.

Esta foto pode ser considerada a mais antiga do Beatles, ou do embrião deles. Ainda como Quarrymen, da esquerda para a direita: Colin Hanton(Bateria), Paul McCartney (baixo), Len Garry(tea-chest bass), John Lennon(vocal/quitarra) e Pete Shotton(guitarra). Estavam se apresentando numa festa de igreja em Liverpool em 1956.

Esta foto pode ser considerada a mais antiga do Beatles, ou do embrião deles. Ainda como Quarrymen, da esquerda para a direita: Colin Hanton(Bateria), Paul McCartney (baixo), Len Garry(tea-chest bass), John Lennon(vocal/guitarra) e Pete Shotton(guitarra). Estavam se apresentando numa festa de igreja em Liverpool em 1956.

Passado todo aquele período inicial de se conhecer as pessoas, da conquista da amizade, Paul é admitido no grupo, e começa a acontecer um entrosamento musical e de amizade, principalmente depois de John perdeu sua mãe Julia.

Mas os conflitos internos da banda continuavam pois Ivan Vaughan, achava que era dele a prerrogativa de trazer novos amigos para John Lennon e para a banda já que tinha trazido Len Garry e Paul McCartney , mas isto não aconteceu, e quem acabou trazendo mais um integrante para os Quarrymen foi Paul. O nome dele George Harrison, que foi apresentado a John e depois de toda aquela fase de “namoro” ele foi incorporado a banda.

John Lennon, adolescente problema na escola que originou os Quarrymen, acabou indo para o Art College, em 1957, onde para abreviar a história conheceu duas importantes pessoas, Stuart Sutcliffe, talentoso artista, muito devotado, impetuoso e individualista com seus pontos de vista. John e ele se tornaram muito amigos, causando inclusive certo “ciúmes” de George e Paul.

A outra grande pessoa que John conheceu no Art College foi Cynthia Powel que se tornaria sua primeira esposa.

No final de 1959, o nome Quarrymen já havia desaparecido por conta que seus integrantes eram agora de outras escolas e localidades, e com isto o a banda teve vários nomes sucessivos, a maior parte escolhido na hora de alguma apresentação, em destaque os nomes Rainbows e Moondogs. (Mas os Querrymen com os integrantes iniciais ainda continuaram (veja o link ao final do post).

No primeiro ano juntos John Lennon e Paul McCartney escreveram cerca de 100 músicas, sendo que uma delas foi divulgada mais tarde “Love me Do”, que é considerado pela mídia especializada o primeiro sucesso dos Beatles.

Participariam em vários programas e adições da TV Britanica nestes anos de final de década, com o nome de “Johnny and the Moondogs”, pois era comum na época dar nome em bandas com o líder se destacando do nome dos demais, este foi o nome utilizado de ultima hora para o programa “Carroll Lewis Show”.

Com Stuart Sutcliffe (baixista), amigo de John já integrado ao grupo ganhavam algum dinheiro em apresentações que ocorriam, como em cafés, restaurantes, festas, clubes de Liverpool e foram comprando e renovando seus instrumentos.

Nesta de dar nomes que vinham a cabeça momentaneamente, um dia John apareceu como mais um: “Beatles”, que acabou obtendo a aceitação de todos, contudo não era bem “ecoado” na época em que as bandas tinham nomes compridos, herança dos primórdios do rock´n´roll (Bill Halley and his Comets, começou com isto), e por sugestão de um amigo, Casy Jones da Banda “Cass e os casanovas” sugeriu “Long John and the Silver Beatles”, que eles acharam uma ideia muito boa, já que Cass afirma que apenas Beatles era um nome muito curto e muito simples. E numa primeira audição do grupo após este nome ter sido escolhido, quando perguntados pelo nome do conjunto, disseram Silver Beatles.

Aqui os Silver Beatles, em seu primeiro compromisso profissional em 1960 para uma apresentação no Larry Parnes Show. Daqui também saiu a primeira turnée de 2 semanas como conjunto de acompanhamento pelo norte da Escócia. A esquerda está Stu Sutcliffe, recém chegado, que mal conseguia tocar o contra-baixo daí estar tentando ficar de costas para a plateia. John Lennon e Paul McCartney em primeiro plano, George Harrison a direita, e ao fundo o mal humorado baterista Johnny Hutch, “caçado” de último minuto pois o conjunto estava sem baterista.

Aqui os Silver Beatles, em seu primeiro compromisso profissional em 1960 para uma apresentação no Larry Parnes Show. Daqui também saiu a primeira turnée de 2 semanas como conjunto de acompanhamento pelo norte da Escócia. A esquerda está Stu Sutcliffe, recém chegado, que mal conseguia tocar o contra-baixo daí estar tentando ficar de costas para a plateia. John Lennon e Paul McCartney em primeiro plano, George Harrison a direita, e ao fundo o mal humorado baterista Johnny Hutch, “caçado” de último minuto pois o conjunto estava sem baterista.

Mas a banda precisava de um baterista, pois eles pegavam bateristas de ultima hora, de outras bandas e para algumas apresentações eram escalados sem baterista para acompanhar outros cantores e grupos.

Numas destas apresentações ofereceram o posto de baterista a Pete Best, filho da Senhora Best dona do Casbah Club (Escócia) que apresentava grupos de rock, onde os Quarrymen mudaram de nome para Silver Beatles. A mudança em definitivo para o nome simples “Beatles” só ocorreu em agosto de 1960

Certamente nesta ocasião os integrantes originais do Quarrymen, exceto John Lennon, já faziam parte da história, não se tornando Beatles, que agora era um grupo com: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Stuart Sutcliffe e Pete Best na bateria, mas as pequenas brigas ainda perduravam, principalmente entre Stu e Pete, agora muito populares na banda, quase quanto como Paul e John, e parte das brigas era também sobre quem era o líder do grupo.

Imagem rara de quando os Beatles eram de cinco integrantes. Foto tirada em Hamburgo em 1960 por Astrid Kirchher (namorada de Klaus Voormann). Da esquerda para a direita: Pete Best, George Harrison, John Lennon, Paul McCartney e Stuart (Stu) Sutcliffe.

Imagem rara de quando os Beatles eram de cinco integrantes. Foto tirada em Hamburgo em 1960 por Astrid Kirchher (namorada de Klaus Voormann). Da esquerda para a direita: Pete Best, George Harrison, John Lennon, Paul McCartney e Stuart (Stu) Sutcliffe.

Nesta ocasião eles eram amigos de uma outra banda cujo astro principal era muito brilhante em Liverpool, conhecido como Rory Storm que tivera vários contratos para apresentação em Hamburgo antes dos Beatles. Era inclusive a banda preferida para trabalhar de George Harrison antes de aceitar os Beatles.

Esta banda tinha um baterista que durante parte de seu intervalo ficava assistindo os Beatles e pedindo que tocassem certas músicas, provocando certa irritação, principalmente de George. Este guitarrista , claro era Ringo Starr. Pete Best o atual baterista dos Beatles já conhecia e lembrava-se dele das apresentações de Rory Storm na Escócia, portanto não muito distante já saberíamos o que aconteceria com Ringo e os Beatles.

Os Beatles agora conquistando a Alemanha, não se livraria da troca e de aproximação de outros nomes, músicos, artistas, já que esta situação foi sempre comum desde os Quarrymen. Vejamos:

Stuart Sutcliffe:

Faleceu aos 21 anos de idade e morreu de hemorragia cerebral ao que tudo indica por conta de uma briga que John e Stu tiveram com clientes que frequentavam o clube durante um show de turnê na Escócia, onde houve críticas a Stu, que no meio da confusão foi empurrado e bateu a cabeça com violência em uma parede, gerando a tal hemorragia. O falecimento ocorreu em Hamburgo durante a passagem dos Beatles por lá em 1962. Deixou um legado de pintura, já que era muito mais artista de talento do que músico. (veja seu site oficial abaixo)

Ele é considerado o primeiro contra baixista dos Beatles.

Pete Best:

Best começou a tocar com o grupo em 1959 e continuou até a ida do grupo a Hamburgo (1960-1961), permanecendo até 16 de agosto de 1962 pouco depois da primeira audição para EMI. Foi substituído por Ringo Starr. Best foi despedido pelo empresário dos Beatles, Brian Epstein.

A razão foi que George Martin, produtor do grupo, estava insatisfeito com o modo dele tocar bateria, resultado das audições preliminares realizadas. Tinha sérios problemas de compromissos com o grupo. Em recente declaração, afirmou não ter mágoas por ter sido demitido dos Beatles, e ironizou Ringo Star. Pete, como mencionado foi o primeiro baterista da banda, pós Quarrymen.

Klaus Voormann:

Quase por acaso Klaus topou com os Beatles, em Hamburgo. Meu deprimido estava caminhando sem destino, quando ouviu um barulho danado, vindo de um porão.

Era o clube Kaiserkeller . Desceu até lá para ver o que acontecia na boate, que parecia “barra pesada”. Mas não eram os Beatles que estavam tocando, mas sim o grupo de Rory Storm, com Ringo na Bateria.

Fascinado pelo espetáculo, não percebeu que tinha sentado ao lado de outro grupo residente. Entre olhares curiosos, os Beatles subiram ao palco, e Klaus acabou se encantado com aquela banda. Era 1960 e então em dado momento Voormann aproximou-se de John Lennon apresentando-se como artista gráfico mostrando uma capa de disco que ele mesmo tinha desenhado de nome “Walk Don´t Run”, e já que se tratava de arte gráfica John Lennon não deu muita atenção e simplesmente pediu para Klaus conversar com Stuart Sutcliffe dizendo que era ele o artista do grupo.

Resumindo, a convite de George Harrison Klaus muda-se para Londres a fim de dar continuidade em sua carreira de artista gráfico comercial. Instalou-se no apartamento onde moravam George e Ringo Starr, conseguindo um emprego em uma agência onde trabalhou por cerca de cinco meses. Após um telefonema de um amigo perguntando a ele se gostaria de fazer parte de uma banda de rock, Klaus demitiu-se da agência, fêz as malas e três dias depois estava de volta em Hamburgo tocando contrabaixo.

Posteriormente, ao se apresentarem na Inglaterra, foram vistos por Brian Epstein, empresário dos Beatles, que após assistir ao show da sua banda assinou um contrato para empresariá-los.

Mas em 1965 Klaus recebeu um telefonema de John Lennon pedindo que fizesse a arte da capa para o LP Revolver que acabou ganhando o Grammy de Melhor Capa de Álbum.

Entre 1966 e 1969 Klaus tocou contrabaixo na banda Manfred Mann, além de ser convidado para tocar com os The Hollies e o Moody Blues. Preferiu ficar na Manfred Mann.

Em 1969, a convite de John Lennon, viria a se juntar com a banda de John e Yoko Ono, a Plastic Ono Band, já que os Beatles praticamente estavam no fim.

Capa do album Revolver premiada feita por Klaus Voormann

Capa do album Revolver premiada feita por Klaus Voormann

Jimmy Nicol:

Baterista que substituiu Ringo Starr em uma turnê dos Beatles pelos países baixos e Austrália em 1964. O baterista oficial Ringo ficou impossibilitado devido a uma faringite e ficou hospitalizado.

George Martin sugeriu um baterista de estúdio para substituir Ringo, e o nome indicado seria de Nicol, então com 24 anos. Apesar da relutância dos outros três Beatles em partir sem Ringo, que queriam cancelar a tournée, tanto o produtor George Martin quanto o empresário Brian Epstein tiveram muito trabalho para convencê-los.

Jimmy já estava familiarizado com as músicas do grupo, tendo tocado bateria numa compilação denominada Beatlemania; e após ter recebido um corte de cabelo “beatle” partiu com o grupo para os shows programados

Jimmy Nicol também ficou conhecido por ter “contribuído” para a música “Getting Better”, que viria a ser lançada em 1967 no álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, não em termos de composição, mas pela sua típica resposta “It’s getting better” toda vez que um dos três Beatles lhe perguntava como estava indo.

Depois de recuperado, Ringo voltou para a banda no dia 15 de Junho em Melbourne, Austrália. Pela sua contribuição, Jimmy Nicol recebeu 500 libras esterlinas e um relógio de ouro Eternamatic com a gravação “From the Beatles and Brian Epstein to Jimmy – with appreciation and gratitude”.


Uma apresentação dos Beatles sem Ringo e com Jimmy Nicol, na Holanda em 1964


Tony Sheridan:

Guitarrista e compositor ingles que tornou-se pioneiro, ao ser o primeiro artista a tocar com uma guitarra elétrica ao vivo na TV britânica.

No inicio dos anos 1960, Tony Sheridan chegou a tocar com várias bandas de apoio, entre as quais os Beatles. Esta convivência foi considerada muito importante na carreira dos quatro de Liverpool. Em 1961, Tony gravou junto com os Beatles diversos títulos para a gravadora Polydor, que originou o álbum Tony Sheridan and The Beatles que incluía o sucesso, “My Bonnie”. Faleceu em Fevereiro de 2013 aos 72 anos.

Billy Preston:

Entrou na vida dos Beatles quando tocou um órgão no estilo Gospel em Let it Be em 1969. Ganhou muita fama com este feito, e a partir daí ficou muito próximo aos Beatles, em especial a George Harrison. Desde o final dos anos 50 Billy Preston esteve sempre colaborando com ícones da musica, mas foi com os Beatles e os Rolling Stones que ele se destacou para o cenário musical de forma brilhante. Faleceu em 6 de junho de 2006 aos 59 anos com complicações renais:


Ouça ao fundo o orgão tocado por Billy Preston, na gravação de Let it Be no Abbey Road Studios


Como se vê, a lista de nomes de músicos e artistas que estiveram junto aos Quarrymann/Beatles, foi extensa, mas que por uma série de fatores, entre os quais o próprio tamanho de uma banda de rock, não se tornaram Beatle, ou usufruíram a fama e fortuna do sucesso antológico da banda, apesar que todos deixaram alguma contribuição para a música e aprimoramento artístico dos quatros de Liverpool.


Sites oficiais:


Bibliografia/Fontes:

  • Davies, Hunter – A vida dos Beatles, Forster Davies Limited – 1968
  • Braun Michael – A vida fantástica dos Beatles, Love me do The Beatles Progress – 1964

osquenaoforam

 

Updated: 05/06/2014 — 1:18 pm

5 Comments

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  3. Bela matéria Amaral. Apesar de já ter lido sobre o inicio da banda nunca tinha visto tantos detalhes. Paz e bom frio aí, Pimenta

  4. João Lopes de Barros

    Esta foi a versão mais completa que eu já lí sobre o quarteto. Obrigado Amaral!!!

  5. Amaral, muito bom! Obrigado pelo presente.
    Abs, Alan

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