Whiskey in the Jar, a história de uma canção…

As gerações mais recentes conhecem esta canção popularizada pela Heavy Band Metallica, contudo sua história remonta ao século 17, quando ela foi criada.

“Whiskey in the Jar” é na realidade uma música tradicional ou folclórica irlandesa cujo enredo é de ocorrencia nas montanhas do sul da Irlanda, geralmente com menção específica aos condados de Cork e Kerry. A música, fala sobre um rapparee (traficante) traído por sua esposa ou amante, que se tornou uma das canções tradicionais irlandesas mais amplamente tocadas sendo gravada por vários artistas a partir da década de 1950.

Aqui a banda folclórica The Irish Rovers comemorando 50 anos de seu CD Whiskey in the Jar recentemente

No século passado a canção ganhou ampla exposição pela primeira vez quando a banda folclórica irlandesa The Dubliners a apresentou internacionalmente como uma música de destaque e a gravou em três álbuns nos anos de 1960. Nos EUA, a música foi popularizada pela banda The Highwaymen, que a gravou em seu álbum de 1962, Encore.

The Dubliners se apresentando em 2016 ao vivo no Vicar Street(The Dublin Experience)

Uma nova notoriedade da canção foi obtida com a banda de rock irlandesa Thin Lizzy que alcançou as paradas pop irlandesas e britânicas em 1973. Em 1990, os Dubliners regravaram a música com The Pogues, com uma versão mais rápida alcançando o número 4 nas paradas da Irlanda e o número 63 no reino unido.

O grupo irlandes Thin Lizzy, na gravação de estudio na Decca em 1972

Mas grande notoriedade ocorreu ainda em 1998 com a banda americana de metal Metallica, que produziu uma versão muito semelhante a do Thin Lizzy’s nos anos 70, embora com um som mais pesado, chegando a ganhar um Grammy pela música em 2000 por Melhor Performance de Hard Rock.

E nada melhor para o Metallica reviver a eterna canção no seu local de origem, aqui na localidade do Castelo Slane em Meath, na Irlanda, num show memorável em 2019

Recentemente em 2019, o cantor e compositor canadense Bryan Adams apresentou-a com uma capa em seu álbum Shine a Light.

Històricamente o que se sabe é que a música é um conto de um ladrão de estrada ou pedestre que, depois de roubar um oficial militar ou do governo, é traído por uma mulher; não se sabendo ao certo se ela é sua esposa ou uma amante. As várias versões da música tem como cenário Kerry, Kilmoganny, Cork, Sligo Town e outras localidade da Irlanda. Por vezes, também é colocada no sul dos EUA, em vários lugares entre os Ozarks ou Apalaches, possivelmente devido à colonização irlandesa nesses lugares.

Os nomes da música mudam, e o oficial pode ser um capitão ou um coronel, chamado Farrell ou Pepper, entre outros nomes. A esposa ou amante do protagonista às vezes é chamada Molly, Jenny, Emzy ou Ginny, entre vários outros nomes, assim como os detalhes da traição também o são.

As origens exatas da música são desconhecidas. Várias linhas e a trama geral se assemelham às de uma balada contemporânea “Patrick Fleming” (também chamada de “Patrick Flemmen, que era um soldado valente”) sobre o saltador irlandês Patrick Fleming, executado em 1650. E no livro “As Canções Folclóricas da América do Norte”, seu historiador Alan Lomax sugere que a música se originou no século XVII, com base nas semelhanças da trama, pois em 1728 na “The Beggar’s Opera” de John Gay, este foi inspirado ouvindo um irlandês cantando a balada “Whiskey in the Jar”. Em  relação à história da música, Lomax afirma: “O povo da Grã-Bretanha do século XVII gostava e admirava seus ladrões de estrada locais que na Irlanda (e Escócia), esses cavalheiros das estradas que roubavam proprietários ingleses, eram considerados patriotas nacionais. Tais sentimentos inspiraram essa balada agitada.

Uma tentativa de tradução da irreverente canção 

Em algum momento, a música chegou aos Estados Unidos e era a favorita na América colonial por causa de sua atitude irreverente em relação às autoridades britânicas. As versões americanas às vezes são ambientadas nos Estados Unidos e lidam com personagens americanos. Uma dessas versões, de Massachusetts, é sobre Alan McCollister, um soldado irlandês-americano que é condenado à morte por enforcamento por roubar oficiais britânicos.  A música apareceu em uma forma próxima à sua versão moderna em um precursor chamado “The Sporting Hero, ou Whiskey in the Bar”, em meados da década de 1850.

O colecionador de músicas Colm Ó Lochlainn, em seu livro “Irish Street Ballads”, descreveu como sua mãe aprendeu “Whiskey in the Jar” em Limerick em 1870, com um homem chamado Buckley, que veio de Cork. Quando Ó Lochlainn incluiu a música nas Irish Street Ballads, ele escreveu as letras de memória, como as havia aprendido com sua mãe. Ele chamou a música “There Whiskey in the Jar”, e as letras são praticamente idênticas à versão usada pelas bandas irlandesas na década de 1960, como com os Dubliners. A versão de Lochlainn refere-se à “montanha Kerry distante” em vez das montanhas Cork e Kerry, como aparece em algumas versões.

Mas “Whiskey in the Jar” é cantada com muitas variantes em locais e nomes, incluindo uma versão da banda norte-americana Grateful Dead, que se assemelha a versão do The Dubliners (que é frequentemente cantada em sessões de música folclórica irlandesa em todo o mundo.

Algumas das várias gravações de Whiskey in the Jar desde a década de 50

A versão rock cantada por Thin Lizzy tem também semelhanças com versão de heavy metal cantada pelo Metallica.

Há também uma música sobre tropas irlandesas na Guerra Civil Americana chamada “Vamos lutar pelo tio Sam”, que é cantada sobre “Whiskey in the Jar”.

Seja como for, e respeitando sua história e adaptações “Whiskey in the Jar” é uma pérola musical, tocada e cantada por qualquer grupo. Algumas execuções aqui apresentadas provam isto !

Vida longa “Whiskey in the Jar”.


Bibliografia/Fontes:

  • Lomax, Alan – The Folk Songs of North America, Doubleday & Company, Inc – June,1960,NY-USA
  • O’Lochlainn, Colm – Irish Street Ballads, Macmillan – Mar. 1978, Macmillan Publisher, NY-USA
  • Wiki – Whiskey in the Jar, Acervo Pessoal

Updated: 21/01/2020 — 8:01 pm

2 Comments

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  1. Carlos Tadeu Furquim

    Amaral, que belo presente, para, começar o ano. Valeu, abraço.

    1. É isso Furquim, obrigado pelo comentário e pelas considerações ! Abração/Amaral

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