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A CURIOSA HISTÓRIA DO EDIFÍCIO MARTINELLI Em 1889 um imigrante
Italiano desembarcava no Porto do Rio de Janeiro - seu objetivo era o mesmo
de tantos outros que chegavam a América: Prosperar! |
A obra prometia uma enorme polêmica, pois a São Paulo de então não possuía nenhum edifício de grande estatura, sendo raros os prédios com mais de 5 andares. Planejado para alcançar a barreira dos 100 metros de altura, em uma estrutura não apenas alta como significativamente larga, o Edifício Martinelli marcaria uma transição para a era dos arranha-céus. Passou por momentos difíceis - inclusive, chegou-se a cogitar a sua demolição. Mas o prédio foi recuperado e voltou a ser um orgulho para a cidade.. |
Em 1924 deu início à construção do prédio
projetado para ter 12 andares, num grande terreno na então área mais nobre da
capital, entre as ruas São Bento, Líbero Badaró e avenida São João. O autor
do projeto era o arquiteto húngaro William Fillinger, da Academia de Belas
Artes de Viena. |
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Enquanto isso, Martinelli não parava de acrescentar andares ao edifício, estimulado pela própria população que lhe pedia uma altura cada vez maior – de 12 passou para catorze, depois dezoito e em 1928 chegou a vinte. Nessa época o próprio Martinelli já havia assumido o projeto arquitetônico, e, não se satisfazendo em fiscalizar diariamente as obras, também trabalhava como pedreiro – retomando assim a profisssão que exercera na juventude na Itália – e demonstrava enorme prazer em ensinar aos operários mais jovens os macetes da profissão. |
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Quando o prédio atingiu vinte e quatro andares, foi embargado, por não ter licença e desrespeitar as leis municipais – havia um grande debate na época sobre a conveniência ou não de se construir prédios altos na cidade. A questão foi parar nos tribunais e assumiu contornos políticos, sendo aproveitada pela oposição para fustigar Martinelli e a prefeitura municipal. A questão foi resolvida por uma comissão técnica que garantiu que o prédio era seguro e limitando a altura do prédio a 25 andares. O objetivo de Martinelli, contudo, era chegar aos 30 andares, e o fez construindo sua nova residência com cinco andares no topo do prédio – tal como Gustave Eiffel fizera no topo de sua torre. |
O Martinelli impressionava não só pelas dimensões
como pela rica ornamentação e luxuoso acabamento: portas de pinho de Riga,
escadas de mármore de Carrara, vidros, espelhos e papéis de parede belgas,
louça sanitária inglesa, elevadores suíços – tudo o que havia de melhor na
época; paredes das escadas revestidas de marmorite, pintura a óleo nas salas
a partir do 20º andar, 40 quilômetros de molduras de gesso em arabescos. |
Entre os inquilinos
do prédio, partidos políticos como o PRP, jornais, clubes (ente eles o
Palmeiras e a Portuguesa), sindicatos, restaurantes, confeitarias, boates, um
hotel (São Bento), o cine Rosário, a escola de dança do professor Patrizi. O
tino comercial do Comendador Martinelli se revelava até nas empenas cegas do
prédio, que serviam de outdoor gigante para uma série de produtos, entre eles
a “pasta dental Elba”, o “café Bhering” e a aguardente Fernet Branca –
importada pelo próprio Martinelli. |
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Contudo, para o Comendador a construção do prédio acarretou sérios problemas financeiros, e em 1934 foi forçado a vender o edifício para o governo da Itália. Em 1943, com a declaração de guerra do Brasil ao eixo, todos os bens italianos foram confiscados e o Martinelli passou a ser propriedade da União, tendo inclusive sido rebatizado com o nome de Edifício América. |
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Com o fim da II
Guerra, a cidade entrou em uma fase de enorme progresso que se refletiu em um
boom imobiliário. Em 1947 o Martinelli perdeu o título de prédio mais alto de
São Paulo para o vizinho Edifício do Banco do Estado. Porém o prejuízo foi a
construção da massa gigantesca do Banco do Brasil do outro lado da av. São
João no início dos anos 50, fazendo sombra ao Martinelli – que se tornou
assim vítima da própria verticalização da qual tinha sido pioneiro. |
O Martinelli passou a cenário de vários crimes de grande repercussão nos anos 60, como o do menino Davilson, violentado, estrangulado e jogado no poço do elevador. O assassino nunca foi encontrado. Em meio à miséria e à degradação humana, uma igreja evangélica funcionava no 17º andar, atraindo os infelizes e desesperançados moradores do edifício. |
Então, em 1975 o recém-empossado prefeito Olavo Setúbal decidiu salvar o edifício. Desapropriou o prédio – foi necessária a intervenção do exército para retirar os moradores mais renitentes – e deu início à restauração. O responsável pelas obras foi o Engenheiro Walter Merlo, chefiando 640 operários. Os sistemas hidráulico e elétrico foram totalmente substituídos, novos elevadores foram instalados, a fachada foi limpa com jateamento de areia. Um moderno sistema de prevenção a incêndios foi instalado, tornando o Martinelli um dos mais seguros da cidade. Em 1979 foi reinaugurado, sendo ocupado por diversas repartições municipais, como a Emurb e a Cohab. |
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O Martinelli hoje (2009) inserido dentro de toda a urbanização de São Paulo