A História de Trólebus em São Paulo
Falar
de Trólebus, requer antes
de mais nada contar um pouco da história deste veículo desde o inicio de sua
invenção.
Foi em abril de 1882, que Werner von
Siemens, da Cia. Siemens & Halske,
experimentou na cidade de Halensee (Berlin /
Alemanha), uma carruagem equipada com motores elétricos. Um "Contaktwagen" devido ao motor elétrico ser
alimentado por "contato" com cabos aéreos. Mais tarde o veículo ficou
conhecido como "Elektromote". E muitos
consideram este veículo, o ancestral dos trólebus.
Em 1901 tem inicio uma outra experiência para o
transporte comercial de passageiros e cargas, entre as localidades de Königstein, Hütten e Königsbrunn (um balneário). Utilizando veículos com motores
elétricos, a empresa denominada "Bielatal"
funcionou até 1905. Os veículos denominados pelos usuários como "Elekthrichen Ômnibus"
(Ônibus Elétrico) percorriam a distancia de 9km. em 45 minutos. Em 1905 a empresa cessou atividades em razão
da concorrência de uma linha de bondes elétricos.
Primeiro
trólebus comercial na cidade de Berlin
Aqui uma
versão com reboque bagageiro para carga e bagagens
A
IMPLANTAÇÃO DE TROLEBUS
NA CIDADE DE SÃO PAULO
Antes de entender como este tipo de transporte foi implantando há que se
considerar a saída da Light e a entrada da estatal CMTC (Companhia Municipal de
Transportes Coletivos):
Em função de Decreto Federal, a Light que desde 1900 operava o
transporte coletivo da cidade de São Paulo (Bondes). Deixou de operar o
transporte coletivo da cidade de São, quando foi instituído o monopólio dos
transportes coletivos na Capital. Todos os Bondes da Light foram
transferidos para a CMTC.
Em 47 anos de atividades a Light havia transportado aproximadamente 8 bilhões de passageiros, em 300 quilômetros de linhas
operadas por 587 bondes de diversos tipos, com a mesma tarifa, durante 38
anos.
Para administrar o monopólio foi criada a CMTC (Companhia Municipal de
Transportes Coletivos). À zero hora do dia 1 de julho de 1947, a CMTC assumiu a
operação de todo o sistema de bondes e ônibus da cidade de São Paulo. Trinta
dias após em 1 de agosto de 1947, a primeira
providencia da CMTC foi aumentar o preço da tarifa de 200 Reis que já perdurava
38 anos sem aumento. A CMTC passou a passagem para 500 Reis. Foi um caos
Os passageiros se revoltaram nas ruas, bonde e ônibus foram queimados. A
população tentou atacar a prefeitura.
Alegavam que o patrimônio encontrava-se decadente e ultrapassado. As tarifas
haviam permanecido inalteradas por 38 anos e os tempos já eram bem outros; os
ônibus concorriam com os bondes. Foram feitas tentativas de recuperação. Novos
veículos foram adquiridos, os serviços reformulados, mas não se logrou êxito....
1947: chega ao porto de Santos as seis
primeiras unidades, e em 1949 é Inaugurada a linha João Mendes – Aclimação,
sendo a primeira de trólebus no Brasil.
A cidade
de São Paulo foi à pioneira no Brasil a utilizar o sistema de transportes por
Ônibus elétricos (trólebus). Quando em 22 de abril de 1949 inaugurou sua
primeira linha de trólebus fazendo o percurso Aclimação - Praça João
Mendes, substituindo a antiga linha de bondes Nº 19,
Os primeiros trólebus importados para este sistema foram entregues a
partir de 1.947, procedentes da América do Norte e Inglaterra.
Na viagem inaugural o Trólebus teve como condutor o Governador do estado
de São Paulo, Dr. Adhemar de Barros.
O Trólebus como o bonde são veículos ecologicamente corretos não
emitem poluentes que contamina a atmosfera das cidades. O trólebus
apresenta um desempenho similar aos veículos movidos a Diesel (que poluem a
atmosfera). Apresentando um ruído muito menor.
Os primeiros Trólebus importados tinham as características abaixo:
(Fonte: Marco A. G. Brandemarte)
Nesta
primeira linha que utilizou estes veículos faziam ligação do centro da cidade
ao bairro da Aclimação, cuja extensão total era de 7,2 km.
De 1.949
a 1.959, a rede elétrica se expandiu para 31,9 km, havendo quatro linhas em
operação, utilizando os 30 veículos existentes.
Trólebus Pulman Standard/Westinghouse.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em São Paulo”, publicado
pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP – Associação Nacional
de Transportes Públicos
Trólebus
inglês BUT.
(Fonte: http://br.geocities.com/zostratus17/)
Trólebus
inglês BUT, na linha da Aclimação (1.949).
(Fonte: http://br.geocities.com/zostratus7/01/sp-trolebus-02.htm)
Em 1.954 foram adquiridos 50 trólebus alemães com
carroceria Henschel, chassi Uerdingen
e equipamentos elétricos Siemens (o chassi e a carroceria formavam, na verdade,
um conjunto integral ou monobloco). Estes veículos possuíam ainda um sistema de
marcha autônoma.
Trólebus
alemão Uerdingen/Henschel/Siemens,
durante desembarque em Santos.
(Fonte:
http://br.geocities.com/spacio7/trolebus-sp-01.htm)
Trólebus alemão Uerdingen/Henschel/Siemens.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em
São Paulo”, publicado pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP –
Associação Nacional de Transportes Públicos)
Trólebus alemão Uerdingen/Henschel/Siemens.
(Fonte: http://fotolog.terra.com.br/trolefolia:17)
Trólebus
alemão Uerdingen/Henschel/Siemens,
no Largo Santa Ifigênia, em 1.957.
(Fonte:
http://www.toffobus.com.br/fotosgrandes.php?maior=7790&cat=20)
A rede
continuou a se expandir, chegando, em 1.957, a 60,3 km. Neste ano foram
adquiridos mais 75 trólebus, importados dos Estados Unidos, do tipo ACF-Brill/General Electric. Estes
veículos foram comprados usados, do sistema de Denver
(Colorado), que desativou este modo de transporte. Foram fabricados entre 1.946
e 1.948.
Representação dos Trólebus ACF-Brill,
do tipo TC-44.
(Fonte: http://www.toffobus.com.br/fotos_grandes.php?maior=1517&cat=20)
A
frota, composta de 155 veículos importados, permaneceu inalterada até o ano de
1.958, quando foi implantada a indústria de trólebus nacionais. Desta forma, a
CMTC adquiriu 10 unidades do tipo Grassi/Villares (o
primeiro modelo de trólebus fabricado em nosso país).
Trólebus Grassi/Villares.
(Fonte: folheto “Trólebus Villares” – TC 001,publicado por Indústrias Villares S/A)
Em 1.963 houve uma grande mudança, quando
a própria CMTC passou a montar as carrocerias para trólebus em suas oficinas,
com componentes da empresa Metropolitana - montadora de ônibus - da qual a CMTC
adquiriu grande quantidade de veículos.
Foram montados 144 trólebus,
utilizando componentes de seus primeiros veículos, de antigos
ônibus diesel desativados e até mesmo sobre chassis inteiramente novos.
Trólebus CMTC/Villares.(Fonte:
SP Trans)
Esta linha de montagem, entre os anos
de 1.963 e 1.969, certamente foi a única salvação para
que o sistema não desaparecesse por completo pois, apesar da existência dos
trólebus nacionais, estes tinham um preço muito elevado, face à pouca demanda.
Em 1.967 foram desativados os seis
trólebus Pullman e os quatro BUT (ingleses). Neste
mesmo ano foram adquiridos seis novos trólebus Massari/Villares,
na versão de menor comprimento e duas portas.
Trólebus Massari/Villares.
(Fonte: http://www.railbuss.com.br/onibus/galeria/displayimage.php?album=36&pos=16)
Em 1.969 a frota atingiu seu maior
número, ou seja 233 trólebus - distribuídos da
seguinte forma:
·
20
Westram/CMTC/Villares
·
42
GMC-ODC/CMTC/Siemens
·
61
GMC-ODC/CMTC/Villares
·
20 FNM/CMTC/Villares
·
01 Scania/CMTC/Villares
·
10
Grassi/Villares
·
74
ACF-Brill/General Electric
·
06
Massari/Villares
Em 1.971 a CMTC converteu um ônibus
diesel Margirius-Deutz com carroceria Striulli para trólebus, com equipamentos Villares.
Trólebus Margirius-Deutz/Striulli/Villares.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em São Paulo”, publicado
pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP – Associação
Nacional de Transportes Públicos).
A última aquisição de trólebus, antes
da revitalização do sistema, ocorreu em 1.972, quando a CMTC adquiriu nove
trólebus Massari/Villares, vindos do sistema de
Fortaleza (desativado).
Em 1.977 a CMTC elaborou um amplo
estudo para a revitalização de seu sistema de trólebus, e preparou as
especificações técnicas dos trólebus de moderna concepção que a indústria
nacional passaria a fabricar.
Um fato curioso ocorreu no ano de
1.979, quando a CMTC realizou testes com um trólebus alemão
Mercedes-Benz/BBC/Siemens, na linha Margarida Maria - Patriarca. Este veículo,
que operou somente um mês, foi posteriormente devolvido ao seu país de origem,
onde foi desativado e desmontado.
Trólebus alemão Mercedes-Benz/BBC/Siemens.
Foto tirada na Alemanha.(Fonte: http://www.toffobus.com.br/fotos_grandes.php?maior=3511&cat=20)
Trólebus alemão
Mercedes-Benz/BBC/Siemens, em operação experimental na cidade de São Paulo
(Fonte: http://br.geocities.com/zostratus20/)
No
período entre 1.980 e 1.982 foram encomendados 200 veículos do tipo Ciferal/Scania/Tectronic, e
outros 90 Marcopolo/Scania/Tectronic, entregues entre
1.982 e 1.983. Também foram inauguradas sete novas linhas, e a rede elétrica
passou de 151 km para 274 km, equivalentes em rede bifilar simples.
Trólebus
Ciferal/Scania/Tectronic - Padron "Amazonas".
(Fonte:
http://www.railbuss.com.br/onibus/galeria/displayimage.php?album=36&pos=7)
Trólebus
Ciferal/Scania/Tectronic - Padron "Amazonas".
(Fonte: http://www.railbuss.com.br/onibus/galeria/displayimage.php?album=36&pos=8)
Trólebus
Marcopolo/Scania/Tectronic.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em São Paulo”, publicado
pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP – Associação
Nacional de Transportes Públicos).
Em 1.985 um corredor expresso para trolebus e ônibus foi implantado para servir o bairro Santo
Amaro. Foram adquiridos 78 trólebus monobloco Mafersa/Villares,
além dos dois primeiros trólebus articulados nacionais: CAIO/Volvo/Villares e
Marcopolo/Scania/Tectronic.
Trólebus Mafersa/Villares.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em São Paulo”, publicado
pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP – Associação Nacional de
Transportes Públicos)
Trólebus articulado Caio/Volvo/Villares.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em São Paulo”, publicado
pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP – Associação
Nacional de Transportes Públicos
Trólebus articulado
Marcopolo/Scania/Powertronics.
(Fonte: folheto “Trolleybuses – Electrical Equipment and Vehicules”, publicado pela Powertronics
S/A – Empresa Brasileira de Tecnologia Eletrônica)
Em 1.986
a CMTC realiza testes com um protótipo de um novo trólebus articulado,
produzido pela MAFERSA. Entretanto, com o cancelamento da concorrência para
compra de trólebus articulados para o corredor "9
de julho - Santo Amaro", o veículo retorna à MAFERSA, sendo posteriormente
entregue à EMTU-SP, para testes.
Lançamento do trólebus articulado Mafersa/Villares.
(Fonte:http://www.toffobus.com.br/)
Trólebus articulado Mafersa/Villares,
em testes na CMTC.
(Fonte: http://www.milbus.com.br/revista_portal/revista_cont.asp?1948)
Entre 1.991 e 1.993, 60 trólebus foram
desativados, sendo 53 antigos e 07 modernos.
A privatização do sistema de trólebus
da CMTC ocorreu em abril/1.994. A frota e as linhas foram divididas em três
grupos, de acordo com a área de atuação de cada garagem existente. Assim, a
empresa TRANSBRAÇAL assumiu a garagem no bairro Brás, a empresa ELETROBUS assumiu
a garagem no bairro Tatuapé e, por fim, a empresa TRANSPORTE COLETIVO IMPERIAL
assumiu a garagem no bairro SANTO AMARO.
Em 25 de
julho de 1991, após aprovação pela Câmara Municipal, é assinada a lei número
11.037 que oficializa a Municipalização dos transportes coletivos por ônibus. A
lei determina licitações para cobrir 42 lotes de áreas de operação,
substituindo as 23 áreas exclusivas de operação de ônibus.
Em 1993 uma
nova administração assume e encontra a CMTC e o Sistema Municipalizado em
condições precárias. Os altos custos gerados neste cenário operacional
comprometem investimentos do Poder Público em áreas prioritárias, como
educação, saúde e habitação, entre outras. A Prefeitura adota medidas
saneadoras para viabilizar o sistema. O número de passageiros transportados
volta a ter um peso significativo na remuneração das empresas contratadas e a
primeira fase de privatização das áreas de operação e manutenção da CMTC é
iniciada. Através de três processos de licitação são transferidas a operação de
garagens e frota pública.
A
privatização da CMTC - O início da SPTrans |
No
início de 1993, a CMTC desempenhava, ao mesmo tempo, as funções de gestora do
sistema de transporte coletivo e de operadora, detendo cerca
de 27% de participação no sistema urbano de transporte coletivo por
ônibus. |
Em 1994 o
Sistema de Transporte Coletivo por Ônibus passa a ser operado por 47 empresas
privadas. O processo de definição e consolidação da CMTC como empresa gestora
transcorre paralelamente à elaboração de projetos especiais. Dentre esses,
destaca-se o Sistema de Corredores de ônibus e Terminais de Integração.
Em 1995 -
São Paulo Transporte S.A. - SPTrans
é a denominação adotada a 8 de março de 1995 para a empresa que tem por
finalidade a gestão do sistema de transporte da cidade. A partir do segundo
semestre do ano, é adotada a sistemática de coleta automática de dados
operacionais do sistema de transporte urbano por ônibus, a Fiscalização
Eletrônica.
Dentro
desta privatização também estavam os Trólebus, que sofrem um banho de
tecnologia, melhores e mais modernos veículos com tecnologia de ponta.
Corredores e Terminais especiais são implementados,
como o Terminal da Praça das Bandeiras, de Santa Amaro entre outros:
Terminal da Praça das Bandeiras
Terminal
Santo Amaro
Os modernos trólebus das
concessionárias sob gestão da SPTrans
e EMTU:
Veja muito mais na Galeria de Fotos
Créditos
(além dos já especificados acima):
“Revista dos Transportes Públicos” (ano 19, 1.996, 4° trimestre),
publicado pela ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos: artigo
“Trólebus – As Fases da Implantação do Sistema no Brasil”, de autoria de Jorge Françozo de Moraes.
“CIDADE DE SÃO PAULO - Cronologia
do Sistema de Trólebus” (http://zrak7.ifrance.com/sp-trolebus.pdf).
BBC - Indústria Elétrica Brown Boveri S.A., em
Osasco - S.P.
Eduardo Andrade Miron
SPTrans
Luiz Augusto Silva de Toledo