As Mansões e Palacetes da Avenida Paulista |
No dia 8 de Dezembro de 1891, foi inaugurada Avenida Paulista, que recebeu este nome em homenagem aos Paulistas e Paulistanos. Durante muitos anos os Barões do Café residiram na Avenida Paulista. A Avenida Paulista foi projetada pelo engenheiro uruguaio Joaquim Eugenio de
Lima, que, juntamente com mais dois sócios, adquiriu parte da Chácara do Capão,
incluindo a área do Morro do Caaguaçú. Essa área foi loteada, e a Paulista foi
construída no alto do espigão, a 900 metros do nível do mar. Lá, aconteceram corridas de charrete, de cabriolés e dos primeiros
automóveis e os grandes carnavais dos anos 20 e 30. No final da década de 1920,
seu nome foi alterado para Avenida Carlos de Campos, em homenagem ao
ex-governador do estado de São Paulo, mas o povo não gostou, então o nome dela
voltou a ser Avenida Paulista. Nomes ilustres que fizeram a História da Cidade de São Paulo residiram na
Avenida Paulista, como Conde Francisco Matarazzo, Von Bulow, Caio Prado, Numa de Oliveira, Horácio
Sabino, Joaquim Franco de Mello, Francisco Alberto Silva Pereira, Matarazzos, Siciliano, Pinotti Gamba, Yolanda Penteado, Von Hardt, o Barão
Vermelho, Scarpa, Ramos de Azevedo, Cerqueira Cezar, Dumont´s Villares, Scurachio, Andraus, Tomasellis, entre tantos outros. Mas uma das transformações foi a perda de mansões e palacetes, que ao longo do anos foram susbstituidos por enormes edificios, estacionamentos, Shopping Centers, entre outras ocupações. Falar sobre estes casarões, requer tambérm viver o que foi a avenida em sua história de palácios, barões, condes, que se seguem abaixo: |
Av. Paulista em 1898 |
Sentido Paraiso-Consolação, em 1902 (ao fundo, pico do Jaraguá e a direita mansão dos Matarazzos |
Sentido Consolação-Paraiso, em 1907 |
Av. Paulista em 1910 |
Esquina da Rua Bela Cintra com a Avenida Paulista olhando para o Paraíso. Foto de 1911 de Guilherme Gaensly |
Vista da Avenida sentido Paraíso a partir da esplanada do Trianon, local onde hoje é o MASP.Foto de 1916 Vista do parque Trianon (no topo) sob a Avenida 9 de Julho, local onde hoje é o MASP.Foto de 1940 Av. Paulista em 1916 |
Vista da esquina da Alameda Campinas , em 1920 |
OS PALACETES E MANSÕES Na época dos casarões a Avenida Paulista era o local onde ocorriam os eventos sociais e esportivos, como a corrida de automóveis. O Trianon era o parque ingles da cidade, frequentado pelos moradores da avenida. Veja agora algumas fotos dos casarões, inclusive de alguns que permanecem, e do Trianon antes do alargamento da avenida (que ocorreu nos anos 60/70) e da construção do MASP. O escritório que mais fez projetos para a avenida foi o escritório de Ramos de Azevedo, que construiu algumas das casas que mostramos abaixo. |
Familia Francisco Alberto Pereira, em 1897 quando a Avenida Paulista ainda não era pavimentada |
Avenida Paulista, 1009 - O Palacete Numa de Oliveira, em 1916, projetado pelo engenheiro português Ricardo Severo, e considerado um dos primeiros e mais importantes exemplares da arquitetura residencial em estilo neocolonial. |
Esta mansão ainda está na Avenida Paulista, 1919 entre as Ruas Padre João Manuel e Alameda Ministro Rocha Azevedo, foi a residencia de Joaquim Franco de Mello e foi construída em 1905 – o responsável pela obra foi Antônio Fernandes Pinto. O Casarão hoje em dia pertence aos decendentes do Barão do Café Joaquim Franco de Mello |
Foto de 1921 da casa de Gabriela Dumont Villares que ficava na Avenida Paulista entre a Rua Minas Gerais e a Rua Augusta, projeto escritório Ramos de Azevedo |
Foto de 1915 de outra casa projetada pelo escritório Ramos de Azevedo, que ficava na esquina da Rua Haddock Lobo com a Avenida Paulista e pertencia a José Cardoso de Almeida |
Entre ruas Augusta e Peixoto Gomide |
Residência Horácio Sabino. Trecho entre as ruas Augusta e Peixoto Gomide. |
Mansão Baronesa de Arary, que ficava na |
Ficava no trecho entre Peixoto Gomide e Pamplona: |
Mansão Nagib Salem de 1920 Entre a Rua Pamplona e Al Joaquim Eugenio de Lima |
Palacete Tomaseli |
A Casa das Rosas, que foi preservada num acordo que a Prefeitura fez com o proprietário quando da construção do prédio que fica no mesmo terreno, era a casa de Ernesto Dias de Castro e também foi projeto do escritório Ramos de Azevedo – a construção data de 1930 (foto superior) e as demais são mais atuais |
Av. Paulista, 867 - Palacete Abrão Andraus em 1896, depois passou a ser casarão de Josephina Lotaif nos Anos 30 |
Foi a Maison Denner nos Anos 60, depois foi ocupada por uma rede de Fast Food, e depois por uma agencia bancária |
ver também: O Casarão da Vila Fortunata |
Em 1971 um complexo viário foi construido no final da Avenida, mas as mansões a direita ainda sobreviveram |
Residencia de Alberto de Paula S. Pereira em 1900 , antes da Avenida ser pavimentada |
Fundado em 1903 o instituto que está sediado na Avenida Paulista, número 393.O Instituto Pasteur é uma entidade ligada à Secretaria da Saúde do Governo do Estado de São Paulo |
Fundada em 1907, a Escola Estadual Rodrigues Alves é a única escola pública da avenida Paulista, no número 227 - Projeto de Ramos de Azevedo (Foto de 2008) |
Capela do Hospital Santa Catarina que é uma entidade privada situada na avenida Paulista, na cidade de São Paulo, SP, Brasil. Foi fundado em 1906 |
Quando os casarões foram destruídos pelos próprios Donos A Perda do casarão de Josephina Lotaif O
silêncio que pairava sobre a região da Paulista naquele domingo foi
interrompido por uma série de estrondos violentos. Alguns moradores de
edifícios próximos ficaram alarmados. Não chovia. No céu, nenhum rastro de
fumaça. De suas janelas, os vizinhos não puderam identificar qualquer indício
do ocorrido. Nenhum deles suspeitou das escavadeiras que investiam contra dois
dos mais antigos casarões da avenida-símbolo da cidade. Os enormes
braços mecânicos gastaram poucos minutos para atacar a estrutura do imóvel no
283, na esquina da Rua Teixeira da Silva. A poucos metros dali, no no 498, as
máquinas iniciaram a derrubada pelos fundos. Seus operadores sumiram em
seguida, deixando-as dormir em meio ao entulho e às paredes que não tiveram
tempo de alcançar. Eles voltariam. Haviam sido contratados pelos proprietários,
que queriam descaracterizar suas residências e, com isso, impedir que fossem
tombadas. Era 20 de junho de 1982, e um pedaço da história de São Paulo
desmoronava. “Defesa
primitiva” Os eventos de 1982 estimularam a revisão das leis de tombamento. Em 1984, o advogado Modesto Carvalhosa e o historiador Benedito Lima de Toledo ajudaram a criar a Lei de Transferência de Potencial Construtivo, que compensa o dono de um imóvel tombado. Ele passa a ter o direito de vender as áreas não construídas do terreno, onde o novo proprietário pode erguer um empreendimento moderno, desde que se comprometa a arcar com os custos de preservação das edificações de valor histórico. Ainda assim, duas outras casas foram demolidas clandestinamente, na calada da noite: a do nº 1.079, em 1984, e a Mansão Matarazzo, em 1996. |
A Perda da Mansão Matarazzo A Família Matarazzo que residiu na Paulista da década de 1920 até os anos 1970. A trajetória desta família está ligada ao desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo remetendo a cidade de Sorocaba, a primeira residência de Francisco Matarazzo. Lá ele iniciou sua grande trajetória e chegou a ser o maior empresário do nosso país. A decadência das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM) começou a ocorrer na década de 1970.
A Mansão pertenceu a um dos maiores industriais da América Latina, justamente o Conde Francisco Matarazzo (1854-1937, nascido em Castellabate, Itália, como “Francesco Antonio Maria Matarazzo”). Conta-se que a Mansão Matarazzo, então localizada no nº 1230 (no cruzamento com a Rua Pamplona, do lado do bairro Bela Vista) – e que cuja construção integral se deu entre 1896 e 1941 –, chegou a ser em 1989 tombada pela Prefeitura na gestão de Luíza Erundina de Souza, que curiosamente queria ali construir uma espécie de “Museu do Trabalhador”, em oposição simbólica àquele espaço de glamour e refino da elite industrial. Na maior parte da década de 1990 a mansão da família Matarazzo permaneceu fechada. A prefeita Luiza Erundina, decidiu então de fato criar o Museu do Trabalhador, pois o local era adequado, as salas eram espaçosas e o local de fácil acesso. Contudo, em 1996, num verdadeiro ataque brutal ao patrimônio histórico, regido por leis e interesses não adequados, ocorreu aos olhos das autoridades e da população paulistana, sem que nada pudessem fazer. A célebre mansão da família Matarazzo foi dinamitada e sua demolição tornou-se inevitável, já que toda a estrutura ficou abalada. Além do patrimônio, enterrou-se ali parte da história da industria paulista e de seus desbravadores imigrantes italianos. O pedido de tombamento que tinha mais de 20 anos, foi oficialmente cancelado, e o terreno foi transformado num enorme estacionamento que funcionou por anos. AS IMAGENS DA DESTRUIÇÃO:
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O QUE SOBROU E FOI MANTIDO PELO ESTACIONAMENTO: |
O famoso portão de entrada da Mansão Matarazzo |
AS NOTÍCIAS DA IMPRENSA |
....e a Avenida muda...... Palacetes virando prédios, árvores dando lugar ao concreto. A paisagem singular da avenida Paulista começou a dar espaço a novas edificações e, definitivamente, a mais paulistana das avenidas morreu e renasceu como outra mais moderna, com novas tendências arquitetônicas que favoreciam a especulação imobiliária. Daquela época, poucos exemplares sobreviveram como a Casa das Rosas, último projeto arquitetônico assinado por Ramos de Azevedo e destinado para ser a moradia de uma das suas filhas, além do Palacete de Joaquim Franco de Mello, o Colégio Rodrigues Alves, o Instituto Pasteur, Maison Denner, Villa Fortunata, Casa das “Uvaias”, Residência Dina Brandi e a Capela Santa Catarina. Em 2,8 km de avenida, a Paulista possui apenas 5 imóveis tombados. |
Créditos/Agradecimentos: Glaucia Garcia de Carvalho, Léo Sécio, Livro Avenida Paulista - A síntese da metrópole,Antonio Soukef Jr., Ricardo Ferreira, livros "Album Iconográfico da Avenida Paulista" e "O Palacete Paulistano", Everton Calício, Patricia Cerqueira, Maria Simas Filho, Eli Mendes de Morais (Saudades de Sampa), Gutooo, G.Brandão, Felipe Pontes, Luiz de Franco, The Urban Earth, Folha de São Paulo, Revista Época, José Roberto Andrade Amaral, Blogs, sampaonline.com.br, Google Street View e acervo pessoal de fotos e imagens. |
Veja algumas construções que substituiram as mansões demolidas |