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Os 80 anos do porta aviões…

Neste dia 12 abril, o terceiro mais movimentado aeroporto do país festejou seus 80 anos. Apelidado de porta aviões dado a seu nível elevado em relação aos arredores ele começou a funcionar em 1934, contudo sua inauguração oficial só ocorreu em 12 de abril de 1936.

Chamado anteriormente de Campo de Congonhas ele era localizado no então município de Santo Amaro, que depois (1932) viria a ser tornar mais um bairro da capital, sendo administrado e mantido pelo DAESP (Departamento de Aeroportos do Estado de São Paulo) até 1981, quando então passou para a Infraero (junto com o de Viracopos).

Vale registrar que o Campo de Congonhas como era conhecido só começou a operar em 1934, por conta de uma gigantesca enchente no Campo de Marte na Zona norte de São Paulo, região que está localizada na várzea do Rio Tietê. Ele no início era um campo de aviação experimental, e também conhecido como Campo da VASP.

No início dos anos 30 neste local rural na Villa de Congonhas, no município de Santo Amaro, começou a funcionar a pista experimental conhecida como Campo de Congonhas, que se tornaria Aeroporto de Congonhas.

No início dos anos 30 neste local rural na Villa de Congonhas, no município de Santo Amaro, começou a funcionar a pista experimental conhecida como Campo de Congonhas, que se tornaria Aeroporto de Congonhas.

Na década de 50 foi o aeroporto mais movimentado do país e o terceiro do mundo em volume de carga e operou também com as aeronaves da época voos internacionais junto com Viracopos, pois ainda não existia o Aeroporto de Guarulhos que só iniciaria operações em 1985 com a Infraero.

Vista dos serviços de terraplanagem e da construção elevada da “proa” do porta aviões Congonhas

Vista dos serviços de terraplanagem e da construção elevada da “proa” do porta aviões Congonhas

Além de recordes de operações durante sua história, o aeroporto cumpria ainda papel social e de turismo para São Paulo, pois foi durante muito tempo local de lazer de paulistanos que visitavam suas instalações para ver a movimentação de aeronaves, e em seus salões nobres ocorriam desfiles de moda, bailes aristocráticos, de carnaval, festas das mais diversas que a elite paulistana frequentada até meados da década de 60. Por suas pistas cresceram empresas que fizeram história como a Panair do Brasil (subsidiária da Panam), a Real, Aerovias Brasil, VASP, VARIG, Loyd Aéreo Nacional, etc., todas não mais existentes nos dias atuais, que se perderam no tempo por encampações, fusões, falências, etc.

Um dos momentos históricos do aeroporto foi a demonstração de um Caravelle, aeronave a jato produzido a partir de 1955 pela extinta empresa francesa Sud Aviation. Atraiu um considerável público na pista após o pouso. Varig, Cruzeiro do Sul, adquiriram a aeronave que por pouco a VASP quase o teve também.

O charmoso aeroporto e sua modernidade para a época tem em seu histórico também destaque uma produção cinematográfica norte-americana de 1959, chamada Holiday for Lovers., um filme que dá ao telespectador imagens de Congonhas além de navegar por vários e belos locais da capital, como o Ibirapuera e seu tradicional Monumento às Bandeiras, algumas cenas centrais de SP e a então bucólica avenida Higienópolis:



Nestes 80 anos, o aeroporto que se tornou símbolo de São Paulo coleciona recordes em quantidade de voos, passageiros, operações, é o mais movimentado dos aeroportos do grupo Infraero tendo em 2015 um movimento de mais de 19 milhões de passageiros, o dobro do segundo colocado. No grupo de aeroportos brasileiros (concessionados e estatais), é o terceiro de maior movimento, sendo superado pelo Aeroporto Internacional de Cumbica e o de Brasília.

Na história do velho senhor, há também duas marcas ruins, dois acidentes, um com o Fokker 100 que explodiu após a decolagem vitimando 101 pessoas em 31 de outubro de 1996 e o do A-320 em 17 de julho de 2007 que saiu da pista principal e vitimou 199 pessoas. Embora as causas investigadas não tenham tido a pista como responsável primário, a fama ruim ficou para o aeroporto.

O crescimento da cidade “engoliu” o aeroporto e criou restrições para seu funcionamento. Mesmo assim sucessivos níveis recordes de operações vem ocorrendo e ele deve ser ampliado mais uma vez

O crescimento da cidade “engoliu” o aeroporto e criou restrições para seu funcionamento. Mesmo assim sucessivos níveis recordes de operações vem ocorrendo e ele deve ser ampliado mais uma vez

Ele é também único no mundo a ter controle sobre helicópteros, já que está em São Paulo a maior frota destas aeronaves no mundo. O intenso tráfego aéreo de quatro aeroportos e essa enorme frota de helicópteros, obrigaram a aeronáutica brasileira a estabelecer por questões de segurança um controle segregado e Congonhas foi adaptado também para esta finalidade.

O aeródromo tem passado por sucessivas reformas, adaptações e modernizações mas cada vez fica mais evidente que um processo de privatização de sua concessão a exemplo que ocorreram em outros aeroportos poderia produzir muitas melhorias e expansão para suprir o aumento sucessivo de demandas.

Não faltaram também idéias para desativá-lo principalmente depois dos dois grandes acidentes e por ser um aeroporto central na malha aeroportuária de São Paulo, há consenso de que isto não seria benéfico nem para a cidade e nem para a malha aeroportuária brasileira. As tentativas de redução de operações e transferências para outras localidades, simplesmente fracassaram.

Congonhas80O velho senhor que nasceu numa área de Santo Amaro totalmente remota e rural, foi engolido pela transformação da cidade e criou com ela uma simbiose de amor e ódio, que será difícil desfazer e os seus 80 anos é uma comemoração gloriosa que antecipa muitos outros aniversários. Parabéns Congonhas !



Fontes/Bibliografia:

  • Linha do Tempo DAESP (http://www.daesp.sp.gov.br/linha-do-tempo/)
  • Infraero Aeroportos.
  • Carlos André Spagat – Flap Internacional
  • Reinaldo Canato – VEJA
  • Douglas Nascimento – São Paulo Antiga
  • Cassio Vasconcelos

80anoscongonhas

 

Updated: 23/04/2016 — 6:47 pm