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Duas Luas, um destino…

duas luasComo seria nosso planeta, como agiriam os poetas, enfim como seria tudo se a Terra tivesse duas Luas, afinal a partir de Marte luas são o que não faltam para os planetas que se seguem.

Pois comenta-se na comunidade científica que isto pode ter ocorrido, já que por muito tempo a Lua sempre zombou de mentes brilhantes da ciência e para Erik Asphaug já bastava esta situação. Este tormento começou três anos antes do nascimento de Asphaug, pois em 07 de outubro de 1959, a sonda soviética Luna 3 fez uma passagem na face oculta da Lua, produzindo uma série de fotos granuladas, que revelaram uma superfície totalmente diferente do lado que sempre está visível para a Terra.

Não demorou para o cientista planetário reconhecer a estranheza desta personalidade dividida. “Lembro-me como quando menino ver um dos programas de notícias que mostravam o lado oculto da Lua, e pensando como era incrível que um corpo celeste pudesse ser tão diferente em cada lado”, diz Asphaug.

Em 2010, Asphung como professor de ciências terrestres e planetárias da Universidade da Califórnia, participando de um colóquio, ainda esperava (e com certa impaciência) uma explicação para a assimetria tão desconexa da Lua, quando seu colega Ian Garrick-Bethell esboçou sua resposta proposital, cuja teoria relatava que a gravidade da Terra levantou poderosas marés sobre a Lua, enquanto a Terra era jovem e estava se formando com sua fornalhas, há bilhões de anos e então congelou a face visível, dando origem à crosta mais espessa e de geologia totalmente diferente da do outro lado da Lua

O conceito não fazia sentido para o ansioso Asphaug que achava que ao analisar esta teoria tornava o problema ainda pior do que antes.”

Asphaug não apenas ficava aborrecido, mas ia se inspirando. Durante anos, ele trabalhou desenvolvendo modelos de impactos de baixa velocidade no início do sistema solar. “As pessoas têm sido tendenciosas, olhando para impactos e pensando apenas em eventos hipervelocidade”, dizia ele. “As pessoas se esquecem de que as coisas podem bater em velocidades mais baixas.” Esses tipos de eventos são construtivos e não destrutivos:

Se dois objetos colidem devagar o suficiente eles se chocam e ficam juntos, “como jogar lama na parede de uma casa ou jogando bolas de neve em outro local.

Asphaug vinha mentalizando que os impactos de baixa velocidade, o que ele gostava também de chamar de “respingos”, poderia explicar como cometas se formaram. Logo percebeu que ele poderia ter a explicação para o problema das faces da lua bem a sua frente. Ele se juntou a Martin Jutzi (Universidade de Berna), e expôs suas ideias, fazendo a abstração inicial de: “E se a Terra originalmente tivesse duas luas, que só mais tarde se fundiria e nos apresentaria a atual Lua como conhecemos?

“Nós fomos para o laboratório logo após esse seminário e Martin e eu modelamos a situação da Lua até ser atingida por uma lua companheira”, diz Asphaug. O resultado desses cálculos foi uma nova interpretação desta assimetria lunar. Na visão de Asphaug, as montanhas lunares desordenadas são os destroços de uma segunda lua que também orbitou a Terra, impactando-se em baixa velocidade sobre a superfície da Lua como a conhecemos hoje.

Não admira que o outro lado parece um mundo totalmente diferente; Ele é mesmo um mundo diferente. O novo modelo fornece uma descrição integrada de origem antiga da Lua e sua aparência moderna, mas para Asphaug o conceito é mais profundo do que isso. Ele mostra algo mais amplo, e em grande parte ignorada, no processo de formação planetária: a colisão suave, em que dois corpos se unem “em um beijo”.

Como na maioria das teorias da ciência, o modelo “Big Splat” do Asphaug é esculpido a partir de pesquisas anteriores, pois há muitas outras histórias da origem lunar, cada um postulando uma relação diferente entre a Terra e a Lua, como T.J.J. um astrônomo americano, como o matemático francês Edouard Roche, e muitos outros.

Big Splat! Como a Lua foi formada: Esta simulação de uma colisão entre uma proto-lua e uma lua companheira mostra as massas lunares produzindo hemisférios assimétricas. De acordo com o cientista planetário Erik Asphaug, este processo poderia explicar como a lua da Terra tornou-se desequilibrada. As cores indicam uma crosta (azul claro), uma espécie de camisa (azul escuro), e uma camada de material do manto superior (amarelo), representando um oceano de magma. A maior parte da lua companheira é acrescida como uma camada em forma de “panqueca”, formando uma região extremamente montanhosa.M. Jutzi (U. de Berna), Asphaug (ASU, UCSC)

Big Splat! Como a Lua foi formada: Esta simulação de uma colisão entre uma proto-lua e uma lua companheira mostra as massas lunares produzindo hemisférios assimétricas. De acordo com o cientista planetário Erik Asphaug, este processo poderia explicar como a lua da Terra tornou-se desequilibrada. As cores indicam uma crosta (azul claro), uma espécie de camisa (azul escuro), e uma camada de material do manto superior (amarelo), representando um oceano de magma. A maior parte da lua companheira é acrescida como uma camada em forma de “panqueca”, formando uma região extremamente montanhosa.M. Jutzi (U. de Berna), Asphaug (ASU, UCSC)

Asphaug gastou uma carreira para explorar as sutilezas do processo de colisão, primeiro na Universidade da Califórnia e, desde 2012, em sua casa atual, Arizona State University. Ao longo dos anos, contribuiu de forma significativa para os modelos de impactos, tendo grande respeitabilidade no meio científico.

Por outro lado a teoria do impacto gigante com folga responde pela maior parte dos grandes atributos químicos e dinâmicos do sistema Terra-Lua. Apesar das incertezas remanescentes, é quase universalmente considerado como a melhor explicação do porque a lua existe. O que não dá para responder claramente é por que a Lua tem estes dois lados distintos, e é aí que o modelo Asphung nos dá um alento.

Resumindo, a Terra já teve duas luas, que se fundiram em uma colisão em “câmera lenta” que levou várias horas para ser concluído, A lua maior acabou gerando um campo gravitacional que atraiu a menor e, então, ocorreu o impacto a uma velocidade relativamente baixa em termos astronômicos, no caso 8.000 km/h. Como o choque foi “lento”, as rochas nem teriam se fundido, e isto ocorreu há 4,4 bilhões de anos quando ambos satélites teriam se formado a partir de detritos que foram ejetados quando um protoplaneta (tamanho de Marte aproximadamente) se chocou contra a Terra no final de seu período de formação.

Ilustração da colisão da pequena Lua com nossa atual há mais de 4 bilhões de anos. Creditos: Martin Jutzi and Eric Asphaug, UCSC (Nature.com) 2011

Ilustração da colisão da pequena Lua com nossa atual há mais de 4 bilhões de anos. Creditos: Martin Jutzi and Eric Asphaug, UCSC (Nature.com) 2011

Simulações ajudaram os pesquisadores a chegar à conclusão dos motivos pelos quais um lado da lua é mais montanhoso do que a face iluminada do nosso atual satélite.

Como sempre, apesar de teorizar uma resposta para um dos mistérios da Lua, nem todos os cientistas embora aceitem a explicação não se mostram totalmente convencidos. Estas conclusões já foram apresentadas em convenções, inclusive da NASA, mas ainda não apresentam unanimidade quanto as suas conclusões, desde sua publicação na revista Nature (#476) em 2011.

Em setembro deste mesmo ano, a NASA lançou a missão GRAIL para desvendar alguns dos mistérios sob a superfície da Lua. “É uma idéia intrigante”, diz David Smith, investigador principal do GRAIL no MIT. “E seria uma maneira de explicar uma das grandes perplexidades do sistema Terra-Lua.
A Lua de frente para nós, é dominado por grandes “mares” lisos de lava endurecida. Em contraste, o lado contrário é marcada por enorme relevo montanhoso. Pesquisadores têm lutado muito para dar conta das diferenças, e a teoria das “duas luas” introduzido por Martin Jutzi e Erik Asphaug, da Universidade da Califórnia é a última tentativa” diz o investigador do MIT.



Fonte/Referências:

duasluas

 

Updated: 30/01/2015 — 3:12 pm