A sonda Mars Curiosity, da Nasa, avistou em junho de 2019 um estranho objeto brilhante que parecia pairar logo acima da superfície do Planeta Vermelho.
Embora o brilho em Marte tenha capturado a imaginação das pessoas nas mídias , era provável que fosse apenas a luz do sol, um raio cósmico ou algum artefato de câmera. Mas em análises dias depois, o robô detectou outra coisa – e poderia ser um sinal há muito procurado da possível vida microbiana dentro ou fora do planeta.
O objeto brilhante foi capturado pela câmera da sonda: olhe para o lado direito desta imagem crua que foi tirada do site da NASA em 16 de junho:
Ele não aparece em nenhuma das imagens tiradas antes ou depois , separadas por 13 segundos, portanto, se fosse um objeto de algum tipo, ele se moveria rapidamente.
“Nas milhares de imagens que se recebeu da Curiosity, vemos aquelas com pontos brilhantes quase toda semana”, afirmara Justin Maki, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em 2014, quando um flash similar de luz chegou às manchetes. “Isso pode ser causado por impactos de raios cósmicos ou pela luz do sol brilhando em superfícies rochosas , foram as explicações mais prováveis dadas.”
Portanto o flash de luz provavelmente não seria um sinal de atividade no planeta.
Mas algo mais foi detectado em Marte, que poderia ser apenas um sinal de vida: o metano. O próprio New York Times informara que a “Curiosity detetou um pico de metano” , que, se confirmado, poderia ser uma sugestão de vida microbiana escondida sob a superfície de Marte.
Haviam outras explicações possíveis:
O rover passou dias conduzindo testes de acompanhamento na tentativa de confirmar os resultados, com mais análises. A Nasa dissera que o rover já havia detectado metano no passado, e o planeta parecia ter picos e quedas sazonais. Respostas definitivas podem ser difíceis de encontrar.
“Com nossas medições atuais, não temos como dizer se a fonte de metano é biologica ou geologica , ou mesmo antiga ou moderna”, disse Paul Mahaffy, do Centro Espacial Goddard, da Nasa, em um comunicado à imprensa.
A NASA na ocasião coordenou com os cientistas do Trace Gas Orbiter da Agência Espacial Européia, que está em órbita de Marte, para descobrir a origem do gás.
Desta forma, quando as equipes de pesquisadores foram anunciando, ao longo de 2019, que detectaram metano na atmosfera marciana, a reação foi tão cautelosa que era impossível perceber quão revolucionária pode ser esta descoberta.
Durante décadas, o metano esteve próximo do topo da lista de biomarcadores (substâncias cuja presença é um possível indicador da presença de vida). A ideia de o encontrar em Marte era tão improvável que muitos investigadores assumiram a descoberta como um erro.
Mas esta reação mingou, quando em 11 de Novembro de 2019, na reunião anual da DPS – Division for Planetary Science da American Astronomical Society, o astrónomo Michael Mumma do Goddard Space Flight Center (NASA) apresentou provas dificilmente refutáveis de que o gás metano realmente existe em Marte. Pode-se concluir que a sua origem não seja “não-biológica”, mas uma fonte viva é igualmente plausível. “Digo-vos honestamente: estou chocado”, disse Mumma aos seus colegas. “Não estávamos à espera disto”.
O minilaboratório químico que o Curiosity possui, denominado SAM, encontrou uma concentração de metano de 21 partes por um bilhão de unidades, o que representa um “resultado surpreendente”, afirmara também Paul Mahaffy, principal pesquisador da Nasa para o SAM.
Mas, ainda há muito o que fazer, pois não se sabe a origem final do metano, ou seja, se foi produzido por micróbios marcianos ou outras reações envolvendo algumas características do planeta. Outra grande dúvida dos cientistas é não saber se o metano detectado foi produzido recentemente ou há muito tempo; ele poderia ter sido aprisionado preso sob o gelo por eras.
Os novos estudos poderão ajudar os cientistas a se aprofundar nestas questões. Por exemplo, a Mars Express vai olhar a região de origem potencial em detalhes no futuro. E outras sondas, como o Trace Gas Orbiter (TGO), parte do programa ExoMars russo-europeu, também podem fazê-lo.
A missão TGO, que chegou a Marte em outubro de 2016, e está fazendo as medições da TGO-Mars Express, resultarão na aplicação de suas novas técnicas de análise ao conjunto de dados para tentar esclarecer melhor esta descoberta.
“O acompanhamento é muito importante para entender melhor o metano em Marte”, disse ele. “Estamos coletando peças de um quebra-cabeça e precisamos de mais peças para entender melhor o que está acontecendo”, afrimara Giuranna, pesquisador da PFS, Planetary Fourier Spectrometer (PFS) da Mars Express, que também detectou traços do metano em 2004.
É um fato altamente relevante a existência de metano no planeta, que acrescenta mais uma grande descoberta que ajudam a decifrar nosso vizinho vermelho