Quem assistiu “2001 uma odisseia no Espaço (1968) e/ou sua sequência “2010, o ano que faremos contato (1984) dirigido e produzido por Stanley Kubrick, e co-escrito por Kubrick e Arthur C. Clark certamente deparou-se com a lembrança do famoso monólito deixado por civilização muito antiga.
Se nesses filmes de ficção, as vedetes eram a Lua e Júpiter, um monólito descoberto no final do século passado em Phobos, a maior e mais bizarra lua marciana, colocou a ficção num ponto de proximidade com realidade e colocou a região marciana mais uma vez em evidencia e mistério.
Tudo começaria em 1996, portanto 28 anos após o clássico “2001” quando a sonda norte-americana “Mars Global Surveyor” foi lançada em 7 de novembro daquele ano. Entrando em orbita marciana em 12 de setembro de 1997 e deixando um legado de mais de 240.000 imagens enviadas, entre elas as SPS252603 e SPS255103, ambas datadas de 1998.
Aparentemente não há relação deste com um outro monólito localizado na superfície de Marte, do qual a NASA afirmou ser um fenômeno comum naquela região da superfície marciana.
Estas imagens foram descobertas por Efrain Palermo, que realizou várias pesquisas em material obtido pelas sondas marcianas, e posteriormente confirmado por Lan Fleming, um outro pesquisador de imagens do Johnson Space Center, da NASA.
Supostamente o monólito parece ser uma grande pedra, um matacão com aproximadamente 85 metros de diâmetro, uma estrutura geológica consistindo de uma única grande e massiva pedra. Monólitos também ocorrem naturalmente na Terra, porém devido à ausência de agentes erosivos em Phobos, foi sugerido que este monólito pode ser um pedaço ejetado durante o impacto de um asteroide.
Ele se torna muito brilhante devido ao reflexo da luz solar e se encontra próximo a cratera Stickney, uma das 3 grandes crateras do satélite marciano (as outras duas são Hall e Roche). Ele seria do tamanho de um prédio”, proporcionando uma sombra longa de muito destaque como mostram as imagens da sonda.
Se o monólito por si só, já desperta a curiosidade e imaginação das mais diversas, Phobos tem sido também um astro bem bizarro, juntamente com Deimos, a outra Lua de Marte.
Imagine-se na superfície de Marte. Phobos nasceria ao oeste e se poria a leste portanto contrariando outros objetos celestes. O satélite marciano tem aproximadamente um terço do tamanho de nossa. Além disto ele tem uma órbita muito próximo ao planeta, cerca de 6.000 km (nossa lua orbita a 385.000 km.).
Para manter órbita tão baixa, Phobos se move tão rápido que ultrapassa a rotação do planeta. Assim enquanto Marte tem uma rotação de 24 horas e 37 minutos, Phobos completa sua órbita em apenas 7 horas e 39 minutos.
Com esta órbita tão baixa e sobre o equador marciano, “quem” pudesse estar nos polos marcianos nunca a veria. O astro é um dos menos “luminosos” do Sistema Solar tendo a temperatura de 2º C em sua parte iluminada e -112º C no lado sombreado.
E ainda no final dos anos 1950 e nos anos 60, as características orbitais incomuns de Phobos levaram a especulações de que ele poderia ser oco. Esta hipótise foi elaborada em 1958, pelo astrofísico russo Iosif Samuilovich Shklovsky, estudando a aceleração secular do movimento orbital de Phobos, quando então se abriu um universo de especulações entre as quais que a lua poderia ter uma origem artificial.
Shklovsky baseou sua análise em estimativas de densidade da atmosfera marciana superior, e deduziu por seus calculos e pesquisas ser uma esfera de ferro oca 16 quilômetros.
A descoberta deste monólito, a ficção dos filmes mencionados, as anomalias orbitais desta lua marciana, e as especulações sobre sua densidade pelo astrofísico russo, entre tantas outras teorias, trouxeram ao cenário de discussão personalidades científicas importantes entre as quais Carl Sagan e Buzz Aldrin:
Carl Sagan renomado astrônomo americano juntou-se ao astrofísico russo Shklovsky na produção do livro “Intelligent Life in the Universe”, publicado em 1998, para realçar a teoria de que a lua Phobos era um satélite artificial e observando resultados de uma série de medições e cálculos, Sagan chegou a mesma conclusão, de que Phobos deve ser mesmo oco, e uma lua oca não pode ser natural.
Em outro texto ambos teriam afirmado:
“Segundo o ilustre cosmo-químico norte-americano Harold C. Urey*, da Universidade da Califórnia, há milhares de milhões de anos Marte poderia ter possuído vastos oceanos capazes de dar origem à vida e, talvez, uma atmosfera de oxigênio…É possível que Phobos tenha sido posto em órbita no apogeu de uma civilização técnica em Marte…”
NOTA: T. Harold Clayton Urey, prêmio Nobel de Química 1934, descobridor do Deutério e da água pesada
Até Edwin “Buzz” Aldrin, segundo homem a pisar na Lua com a Apolo XI, numa entrevista ao Washington Journal disse que o monólito na Lua marciana, era uma estrutura incomum e misteriosa que deveria ser pesquisada:
“Há um monolito lá. Uma estrutura incomum, um objeto em forma de batata que gira em torno de Marte uma vez a cada sete horas …: Quem colocou isso lá? – Quem colocou isso lá? O universo o colocou lá?. Se preferirem, foi Deus foi quem colocou ele lá …”
Aldrin também tinha afirmado que ele era um bloco muito grande e alto. Poderia ser uma construção primitiva que foi desenvolvida por criaturas que circularam por Phobos e, em seguida, desembarcaram no Egito e construíram as pirâmides. Eu não acredito, mas há pessoas que sim….
Seus pronunciamentos em nada revelaram ao que já se sabia e especulava-se, contudo as suas palavras foram importantes, pois ele foi o segundo homem na lua, era doutor em Ciências, engenheiro que se tornou um coronel da USAF, astronauta, e Embaixador da Exploração Espacial da NASA entre outras graduações e atribuições.
Apesar do envio nestas últimas décadas de várias sondas e robôs à superfície do planeta, pouco se tem feito para focar Phobos como possível objeto de investigação mais intensa, apesar que a Agencia Espacial Européia fez sua sonda Mars Express em 2003 chegar a 67 km de Phobos e coletar mais imagens e dados sobre o satélite marciano e deixando após suas análises a seguinte afirmação por seus porta-vozes:
“Anteriormente pensávamos em Phobos como um satélite que nos parecia um objeto sólido, mas pelos novos dados e observações em sua superfície, nos tem mostrado que não é tão denso como se esperava, mas sim mais poroso”, ressaltou a Agencia.
Já se passou muito tempo desde que o monólito foi descoberto mas tanto a NASA, ESA ou espólio espacial soviético (que também enviou várias sondas a região marciana) não confirmam e nem negam cada uma das teorias criadas na sombra do bloco gigante e da prória Lua anomala.
Talvez, porque não há nada a questionar, que nossas suposições são simplesmente o fruto de nossas próprias fantasias e sonhos … ou talvez exatamente o oposto, porque a verdade é tão surpreendente e tão diferente do que nós sempre dissemos que a credibilidade das agências e governos seriam para sempre manchadas, botadas à prova…
Existiu ainda o PRIME (Phobos Reconnaissance and International Mars Exploration) um projeto da Agência Espacial Canadense com proposta de financiamento da Optech e o Mars Institute para pousar um veículo no local onde está o monólito, uma missão não-tripulada que seria composta por um orbitador e um veículo de pouso, dotado de quatro instrumentos designados a estudar vários aspectos da geologia de Phobos. Mas o projeto PRIME continua apenas teórico e não possui previsão para uma data de lançamento. (Veja detalhes).
Veja também:
Bibliografia/Fontes:
- PIA04746: Boulders on Phobos – NASA Jet Propulsion Laboratory (California Institute of Technology)
- Mullen, Leslie – New Missions Target Mars Moon Phobos, Astrobiology Magazine #04/30/2009
- Mars ‘monolith’ fuels theories of alien life – The Telegraph #08/06/2009
- Shklovskii, I.S. & Sagan, Carl – Intelligent Life in the Universe, Emerson-Adams Press, Incorporated 1998
- Fleming, Lan – Analysis of SPS252603 and SPS255103, 2000
- Palermo, Efrain – Palermo’s Phobos Anomalies
- Optech Incorporated – Canada Studies Mission to Mysterious Mars Moon, Spaceref #05/03/2007