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A remodelação da Praça da Sé

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Como presente para a cidade de São Paulo nestes 459 anos, o PreservaSP, em seu boletim de nº 22, nos apresenta este magnífico resgate da história de um dos locais mais emblemáticos da cidade de São Paulo, que é a praça da Sé, local de muitas tranformações que acompanhou a expansão da cidade da Vila até os dias atuais. Segue então por cortesia, na íntegra o Boletim contando esta rica história.


😀 A cidade de São Paulo fundada em 25 de janeiro de 1554 por um grupo de jesuítas em local conhecido como a ”colina histórica”, região que compreende o vale do Anhangabaú à Praça da Sé. A Sé ou Praça principal da cidade era ocupada por duas igrejas muito próximas: a de São Pedro com duas torres e a Igreja da Sé propriamente dita estava onde hoje se encontra a estátua de Anchieta. Já a Igreja de São Pedro, conhecida também como São Pedro da Pedra estava localizada precisamente onde hoje esta o prédio da Caixa Econômica Federal com suas imponentes colunas negras. Não existem registros exatos de sua construção, mas há menções de 1740 para a Igreja de São Pedro localizada no largo da Sé.

Historicamente o primeiro registro da Igreja da Sé, ou Igreja Matriz é de 1558 ficando pronta apenas no ano de 1616. Em ruinas em 1754 foi edificada uma nova Igreja no local, com torre do lendário escravo Joaquim Pinto de Oliveira, a quem chamavam pela alcunha de “Thebas”, mestiço e escravo alforriado, exímio artífice da construção da qual existem poucos registros. Tanto a Igreja de São Pedro como a da Sé passariam por reformas no período que vai de 1869 até 1871. Após as reformas a praça receberia iluminação a gás em 1872 e em 1873 o espaço receberia calçamento.

Como centro religioso e social da cidade havia ainda aos fundos da hoje catedral o Teatro São José edificado em 1868. O lançamento da primeira pedra para a construção do São José ocorreu em 07 de abril de 1858, segundo crônicas da época, com grande pompa e festejos, e destruído por um incêndio na noite do dia 15 de fevereiro de 1898. Ao lado, havia ainda a Praça Clóvis Bevilácqua, e o corpo de bombeiros ali instalado em 1885.

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Fig.1 – Largo da Sé (1862), vista da Antiga Catedral (demolida), a partir da Rua Direita com a Rua 15 de Novembro.

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Fig.2 – Largo da Sé (1880), com Lampiões a gás e calçamento recente, em destaque (à direita), Catedral da Sé (demolida em 1911 para a reconstrução da nova praça da Sé) e à esquerda Igreja de São Pedro.

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Fig.3 – Vista lateral da Igreja de São Pedro da Sé, 1887.

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Fig.4 – Largo da Sé em 1890 com destaque para a Igreja São Pedro.

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Fig.5 – Antiga Catedral da Sé, 1907.

No inicio do século XX importantes mudanças sociais e urbanísticas na cidade fariam com que o espaço compreendido entre a Rua direita e o Largo da Cadeia localizado na entrada do Bairro da liberdade fosse totalmente modificado e demolido para implantação de uma área para uma nova catedral. Ao todo desapareceram dois quarteirões, diversas ruas, e as imponentes igrejas.

Em 1934 seria implantado na praça o Marco Zero da cidade e a nova Catedral em estilo Neogótico pelo alemão Maximiliam Helm, embora iniciada quando da demolição das igrejas coloniais, foi concluída apenas na década de sessenta.

Alguns anos mais tarde novos remanejamentos, agora para a implantação do Metrô, faria desaparecer um prédio chamado Santa Helena, importante ponto artístico da cidade.

Desde então a praça sem o imponente edifício e a Catedral em destaque é alvo de diversos eventos políticos como a campanha das Diretas para presidente em 1984 ratificando a tradição de centro de eventos e comemorações importantes.

À época da Ditadura militar e consequente desinteresse sobre a importância do patrimônio no valor de edifícios históricos perdemos importantes marcos da nossa cultura; sejam na arquitetura colonial e mesmo na modernidade dos anos de 1920 quando o edifício foi construído. Hoje, com certeza, teríamos uma avaliação mais adequada se estivéssemos diante de uma reestruturação urbana do porte que foi a transformação do espaço da Praça da Sé embora em alguns casos graves o poder público ainda negligencie a valorização de nosso patrimônio.

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Fig.6 – Praça da Sé 1927 – a nova Catedral em construção (no centro), a esquerda o Palacete Santa Helena

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Fig.7 – Construção da Catedral da Sé, 1952.

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Fig 8 – Catedral da Sé, em 1962.

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Fig 9 – Praça da Sé (1984), transformada em palco político para as Diretas-Já.

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Fig 10 – Catedral da Sé vista do metrô, 2011.

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Fig 11 – Vista da Catedral da Sé, 2012.


O Palacete Santa Helena

Inaugurado em 1922 na emblemática Semana de Arte Moderna, o edifício é um marco dentro da arquitetura e até da própria cultura paulistana. Em estilo eclético o Palacete Santa Helena dominava, em altura e área construída, a Praça da Sé e nele se localizavam lojas, escritórios, ateliês e um belo cine-teatro frequentados pela elite paulistana. Sua proximidade com o Pátio do Colégio, berço da cidade e o Palácio do Governo favoreciam o encontro da elite politica e social. O Grupo Santo Helena, formado por Alfredo Volpi, Humberto Rosa, Clovis Graciano, Manoel Martins, Fulvio Pennacchi, Alfredo Rizzotti, Mario Zanini e Rebolo nasceu em meio às discussão dos intelectuais e ás transformações sociopolíticas da Revolução de 1930. Produções Hollywoodianas e apresentações teatrais eram comuns em seu cine-teatro com belíssima cúpula pintada por Adolfo Fonzari. Construído com a inovação à época do cimento armado possuía guarnições exclusivas em Art Noveau, frisas e balcões adornados com musas das artes e pinturas esmeradas. Do livro, Palacete Santa Helena, um pioneiro da modernidade em São Paulo, destacamos o seguinte trecho:

Há nos desenhos da fachada indicações para revestimento de granitos naturais brancos, colunas de granito vermelho, capitéis e incrustações de bronze, balaústres de cimento, relevos de argamassa, gradis de ferro batido e inúmeras esculturas, indicando o grande número de profissionais que colaboraram para o resultado final. (Campos; Simões Junior. Senac, 2006).

Abandonado gradativamente pelos artistas e escritórios de intelectuais, devido principalmente a gradativa deterioração do centro velho e da cultura, foi entrando em franca decadência até que em 1969 o metrô entra com proposta de construção de uma estação central denominada naquele momento de Clóvis Bevilacqua e o edifício é demolido, e diante disso a praça é novamente remodelada.

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Fig 12 – O Palacete Santa Helena em construção.

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Fig 13 – Vista da Praça da Sé (1927) com estacionamento, a direita o Palacete Santa Helena

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Fig 14 – Vista do Palacete Santa Helena, entre seus vizinhos, a Catedral da Sé em construção.


BIBLIOGRAFIA:

  • CAMPOS, Candido Malta; SIMÕES JÚNIOR, José Geraldo. Palacete Santa Helena: um pioneiro da modernidade em São Paulo. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. 2006.
  • LOPES, Carlos de São Thiago. São Paulo de Hontem: Ed. do Estado de São Paulo. 1998.
  • ROSENTHAL, Hildegard, Cenas Urbanas: Instituto Moreira Salles, Instituto Moreira Salles, São Paulo, 2004.
  • _________, São Paulo 450 anos: Caderno de Fotografia Brasileira, Instituto Moreira Salles, São Paulo. 2004.

FICHA TÉCNICA – INFORMATIVO 22

  • Pesquisa e Texto: Iomar Travaglin
  • Projeto Digital: Tatiane Cornetti

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Updated: 12/02/2013 — 11:47 am