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B-29, muito mais que o avião da bomba…

A história dá destaque a superfortaleza voadora B-29 como o avião que jogou a bomba sobre Hiroshima e assim ele ficou como um ícone decisivo da 2ª guerra mundial.

De nome Enola Gay foi um bombardeio em homenagem a Enola Gay Tibbets, a mãe do piloto da aeronave, o coronel Paul Tibbets que escolheu a aeronave quando ainda estava na linha de montagem. E foi então que a 6 de agosto de 1945, durante os estágios finais da 2ª guerra mundial o Enola Gay, então o nome de uma singela senhora se tornou o primeiro avião a lançar uma bomba atômica.

A bomba, cujo codinome era também um singelo “Little Boy” teve como alvo a cidade de Hiroshima e causou verdadeiro estrago que a história sempre mostra. A aeronave participou ainda do segundo ataque atômico como um avião de reconhecimento que seria sobre a cidade de Kokura, mas que por péssimas condições climáticas, teve o alvo alterado para Nagasaki (bomba Fat Man).

Mas o B-29 como arma de guerra tem outras características que entraram para a história. Conhecido tecnicamente como Boeing B-29 Superfortress foi um avião de quatro hélices que foi utilizado como bombardeiro e avião de reconhecimento durante a 2ª Guerra, na Guerra da Coreia e pela USAF durante anos. Aliás o B-29 foi projetado e desenvolvido como substituição aos então velhos Boeing B-17 e Boeing B-24 e para ter maior autonomia, maior capacidade de bombardeio e grandes altitudes.

Ele foi o maior avião em serviço durante a Segunda Guerra Mundial, e teve o retrospecto de empregar 50 mil operários, de várias idades que trabalharam em seu projeto de desenvolvimento, com o custo de um milhão de dólares cada unidade.

Era considerado avançado tecnologicamente para os outros bombardeiros da época, tendo como inovações a cabine pressurizada, um sistema central de controle de fogo e metralhadoras controladas remotamente.

Sua versatilidade surpreendia, pois, embora desenvolvido para ser um bombardeiro diurno de alta altitude, realizou também inúmeras missões incendiárias noturnas de baixa altitude.

E o Enola Gay, não foi parte de uma família pequena, pois até a sua retirada de operações no final dos anos 60, cerca de 3.970 unidade do Boeing B-29 foram produzidas, considerado um dos maiores sucessos da indústria aeronáutica militar dos Estados Unidos.

Como se vê, o B-29 aeronave com uma altura de 8,5 m e envergadura de 46m, potência de 2 200 HP por motor, ficou em serviço por um bom tempo depois do final da 2ª guerra e da guerra da Coréia.

Toda a tecnologia de seu desenvolvimento e produção inspirou a Boeing e desenvolver outros aviões como o  Boeing c-97 Stratofreighter, que voou primeiramente em 1944 e seguido por uma versão comercial de avião de passageiros, o Boeing modelo 377 Stratocruiser em 1947.

Em 1948 a Boeing ainda introduziu uma versão do B29 designada como KB-29, seguido pelo derivado do 377 nominado como KC-97 em 1950 e outras pequenas alterações que alguns encontram-se em serviço até os dias atuais, inclusive pela NASA.

Claro que naqueles tempos difíceis até os soviéticos através de engenharia reversa do B-29, criaram um bombardeiro próprio denominado Tupolev Tu-4.

O Boeing atendendo a um pedido da USAF, começou a trabalhar no B-29 em 1938, para uma aeronave de operação em grandes altitudes (9,710 m), grande capacidade de bombas (9,100 kg), autonomia (4,290 km) e velocidade (em torno de 600km/h), que eram índices técnicos revolucionários para a época.


A história do B-29 no contexto do combate aos japoneses (MrdominioPublico)


A fabricação do B-29 foi uma tarefa muito complexa. Envolvia quatro fábricas de montagem principal: um par de plantas operadas pela Boeing em Renton, Washington e Wichita, Kansas, uma planta em Marietta, Georgia e também Martin em Omaha, Nebraska.

Milhares de subcontratados estavam envolvidos no projeto, incluindo inúmeros fornecedores que permitiu que o primeiro protótipo fizesse seu primeiro vôo em Seattle em 21 setembro 1942, portanto 3 anos antes do Enola Gay e sua bomba.

Teve até uma base de operações construída na China para ataques ao Japão, China que outrora foi massacrada pelos japoneses num período que a história tem registrado como de extrema violência.

Apesar da grande produção, apenas dois exemplares da superfortaleza, com os nomes Fifi e Doc foram restaurados e provaram todo seu esplendor tecnológico.

O B-29 restaurado “Fifi” foi salvo em 1971, depois de ter sido utilizado como alvo terrestre em 1960. Este nome “Fifi” foi dado a ele em 1974 e é uma homenagem a esposa do coronel aviador Victor N. Agather, que fez parte do desenvolvimento da aeronave lá naqueles longínquos anos 40 do século passado. Ele já havia tentado restaurar o avião em 1970. O “Fifi” pertence ao CAF – Commemorative Air Force.


Um voo dentro do “Fifi”, com: Aircraft Commander – Steve Zimmerman/Co-Pilot – Neils Agather/Flight Engineer – Rick Garvis/Right scanner – Stuart Watkins/Left scanner – Miles Greif/Aft scanner – Don Boccaccio/Ground crew – Brad Pilgrim


Já o “Doc”, recebeu esta denominação nos anos 50, pois ele fazia parte de um esquadrão chamado “Seven Dwarfs” (ou sete anões). Desde 1956 no cemitério de aeronaves em Mojave na California, foi encontrado por Tony Mazzolini, um restaurador, que após intensa batalha para removê-lo deste cemitério, conseguiu finalmente sua posse em 1988. Então Mazzolini reuniu vários voluntários que tinham interesse no projeto de restauração da aeronave histórica, e constituiu como eles um grupo chamado “Doc´s Friends”.

A restauração foi feita em Wichita, no estado do Kansas, no mesmo local em que o avião foi construído durante a Segunda Guerra Mundial e para alí foi enviada em 2000 para sua completa restauração.

Depois de completamente restaurado recebeu em Maio de 2016 o certificado de aeronagevabilidade, obrigatório no EUA, da FAA (Federação da Administração de Aviação), e pode então voltar aos céus.


A restauração e voô do “doc”


Hoje 75 anos depois do primeiro vôo, o B-29 deixou um rastro histórico de grande serviço e desenvolvimento aeronáutico para todo o mundo e certamente como uma das mais fabulosas máquinas de guerra.

Bibliografia/Fontes/Notas:


Updated: 30/05/2017 — 12:14 pm