Billings, Henry Borden e a despoluição do Rio Pinheiros – Parte 3

A reversão do Rio Pinheiros, as usinas elevatórias e a Usina Henry Borden

Como já mencionado de maneira simples a reversão do então canal pinheiros, capta águas da bacia do rio Tietê e através de um conjunto de comportas e usinas chega à Billings.

Quem conhece a foz do rio Pinheiros, na conjunção urbana chamada de “cebolão” (veja na parte 1) na zona oeste de São Paulo, pode conferir um conjunto de comportas no Rio Tietê e no final do rio Pinheiros.

Elas combinadas se destinam a bloquear parcialmente o rio tietê e orientar suas águas ao rio pinheiros, mudando seu curso natural, e aumentando seu volume d’agua até chegar na usina da Traição, onde por bombeamento é elevada a 5 metros.

Usina elevatória Traição VEJA TAMBÉM

Nesta condição e já continuando como rio Jurubatuba o volume d’agua chega na usina elevatória de Pedreira no Bairro de Santo Amaro, onde é elevado a mais 25 metros, abastecendo então a Represa Billlings.

Usina elevatória de Pedreira (Represa Billing na parte superior)

Este volume contribui para abastecer todo o complexo Billings e seu braço reservatório rio das Pedras onde através de uma casa de válvulas é jogado serra abaixo para movimentar as turbinas da usina Henry Borden.  

O diagrama abaixo mostra como o uso de toda a bacia do rio Tietê e Pinheiros, foram genialmente alteradas para prover energia e posteriormente para controlar as enchentes, nestas regiões.

Na figura acima, na parte central do diagrama é possivel indentificar a conexão do rio Tietê com o rio (canal) Pinheiros (retiro rack Structure-estrutura de retiro), a usina traição (Traição Pump Station), elevando de 715 a 720m o curso do rio pinheiros e mais a frente a usina de Pedereira (Pedreira Pump Station), elevando o rio Jurubatuba de 720 para 746m e “enchendo” a Billings para prover queda ao reservatório rio das pedras de 746 para 728m e a partir desta altitude em queda livre pelas tubulações da Serra do Mar, para movimentar a Usina Henry Borden. VEJA TAMBÉM

 

 

 

É importante ressaltar que quando o rio pinheiros está em seu curso natural (portanto não revertido), estas duas usinas elevatórias são também geradoras de energia pois se aproveita suas quedas para movimentar turbinas, não a toa, há estações de distribuição de energia ao lado delas.

Esta estrutura engenhosa no planalto foi projetada e executada para dar a Usina Henry Borden sua eficiência energética tão certificada. Complementam desta forma a “casa de válvulas” no topo da Serra, conhecida como “Catedral” e certamente os tão intrigantes tubos d´agua que descem a serra para movimentar as turbinas da usina.

VEJA TAMBÉM [Fig 1] e [Fig 2]

Atualmente a usina Henry Borden ainda gera energia em tempo real e integra o sistema interligado sul-sudeste do Brasil, que distribui eletricidade de forma compartilhada. Se atuasse de forma isolada, a usina teria capacidade de atender uma área com dois milhões de habitantes. A água dos tubos além de gerar energia, também auxilia no abastecimento da Estação de Tratamento da Sabesp em Cubatão.

No âmbito do Operador Nacional do Sistema Elétrico , a energia assegurada nas usinas do complexo Henry Borden passou, com restrições ambientais, para 108 MW, médios, confirmados pela resolução 453, de 30 de dezembro de 1998 da ANEEL, mantendo este valor até ser alterada pela portaria do Ministério das Minas e Energia MME nº. 21, de 30 de julho de 2007 para 127,7 MW, médios de um total de 889 MW, de potência outorgada, que já foi a capacidade total da usina.

Certamente sem poder usar o rio Pinheiros, a história seria outra no tocante a geração de energia em São Paulo. Ambientalistas do hoje, tecem muitas críticas sobre o uso do Pinheiros para isto, contudo é fato que o crescimento desordenado, poluição sem controle foram a causas de não se poder aproveitar a plena carga tudo que Billings projetou e executou. Estima-se que são despejados rejeitos no Rio Pinheiros, de 400.000 fontes entre residencias, edifícios comerciais e ainda algumas industrias que permanecem nas região.  

Além disto o crescimento populacional da RMSP obrigou o Poder Público a buscar alternativas para atender à crescente demanda por água. A dificuldade para viabilizar novos locais onde a água pudesse ser armazenada, captada, transportada, tratada e oferecida à população obrigou ao uso múltiplo das águas, como é o caso da represa Billings, e também da Guarapiranga.

Tudo isto acabou por produzir um cenário devastador e desde outubro de 1992, a operação desse sistema vem atendendo às condições estabelecidas na Resolução Conjunta SMA/SES 03/92, de 04/10/92, atualizada pela Resolução SMA-SSE-02, de 19/02/2010, que só permite o bombeamento das águas do Tietê/Pinheiros para o Reservatório Billings para controle de cheias, reduzindo em 75% aproximadamente a energia produzida em HenryBorden, ou seja tornaram a usina de uma grande eficiência para um ocioso projeto de energia.

Continua – Parte 4

[Parte 1] [Parte 2] [Parte 3] [Parte 4]

Updated: 02/06/2021 — 12:26 pm

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *